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Presidente do Chile condena violência policial e garante que não haverá impunidade

“Infelizmente, e apesar de todas as precauções que tomámos (…) para proteger os direitos humanos de todos, em alguns casos os protocolos não foram respeitados. Houve uso excessivo da força, cometeram-se abusos e os direitos de todos não foram respeitados”, reconheceu Sebastián Piñera.
  • epa06396175 Supporters of former Chilean president and conservative candidate for ‘Chile Vamos’, Sebastian Pinera (not pictured), wait for results in Santiago, Chile, 17 December 2017. Pinera is the projected winner as 14.3 million Chileans cast their votes in the second round of the presidential election choosing between conservative candidate Sebastian Pinera and progressive Alejandro Guillier. EPA/Elvis Gonzalez
18 Novembro 2019, 07h46

O presidente do Chile, Sebastián Piñera, condenou, no domingo, pela primeira vez, os abusos cometidos pelas autoridades nas manifestações que agitam o país sul-americano há um mês, e garantiu que “não haverá impunidade”.

“Infelizmente, e apesar de todas as precauções que tomámos (…) para proteger os direitos humanos de todos, em alguns casos os protocolos não foram respeitados. Houve uso excessivo da força, cometeram-se abusos e os direitos de todos não foram respeitados”, reconheceu Sebastián Piñera.

A crise social sem precedentes que abala o Chile desde 18 de outubro deixou pelo menos 23 mortos e mais de 2.000 feridos, incluindo 200 pessoas com lesões oculares.

“Não haverá impunidade, nem para aqueles que cometeram atos de violência excecional, nem para aqueles que cometeram (…) abusos”, acrescentou o chefe de Estado, referindo-se, por um lado, à destruição perpetrada pelos manifestantes mais radicais e, por outro, à violência da polícia durante as manifestações.

O Presidente chileno expressou também solidariedade com todas as pessoas que foram “vítimas desta violência” e apresentou condolências aos familiares das vítimas.

Até ao momento, das 23 mortes, seis são referentes a cidadãos estrangeiros e cinco alegadamente ocorreram devido à intervenção das forças do Estado, entre polícias e militares.

De acordo com o Instituto Nacional de Direitos Humanos (INDH) do Chile, há pelo menos 2.381 feridos a registar, dos quais 1.360 foram baleados.

Para o INDH, os casos mais preocupantes dizem respeito às lesões oculares resultantes de munições não letais.

Piñera referiu-se ainda ao acordo para uma nova Constituição alcançado no Parlamento na madrugada de sexta-feira, que marca o caminho para uma nova Magna Carta.

“Se os cidadãos assim o decidirem, avançaremos para uma nova Constituição, a primeira elaborada em plena democracia e respeitada por todos”, explicou Piñera, já que a atual é herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

O Presidente disse esperar que a nova Constituição, caso a população vote a favor da sua redação, dê “legitimidade e estabilidade” a um novo e necessário pacto social, já que, segundo Piñera, o atual foi o detonador da explosão social.

As manifestações no Chile surgiram inicialmente em protesto contra um aumento do preço dos bilhetes de metro em Santiago, decisão que seria suspensa e posteriormente anulada pelo Governo liderado pelo Presidente chileno.

Mas, apesar do recuo das autoridades, as manifestações e os confrontos prosseguiram devido à degradação das condições sociais e às desigualdades no país.

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