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Pressionada pela inflação, Fed deverá sinalizar quatro subidas dos juros este ano

A Reserva Federal norte-americana termina esta quarta-feira uma reunião de política monetária de dois dias. Depois de ter subido os juros em março, não é esperada uma nova subida, mas o presidente Jerome Powell poderá preparar caminho para mais um aumento que o esperado, ou seja, um total de quatro em 2018.
2 Maio 2018, 09h30

A Reserva Federal norte-americana (Fed) deverá fazer uma pausa na subida dos juros de referência nos EUA, mas sinalizar que haverá mais aumentos que o esperado em 2018. Com a inflação a pressionar o curso da política monetária, economistas e analistas começam a apontar para um total de quatro subidas na federal funds rate este ano.

“Apesar da desaceleração da atividade económica no primeiro trimestre do ano, esperamos que a Fed pressione com mais três aumentos dos juros este ano, pelo menos porque a inflação tem sido superior ao antecipado nos últimos meses”, refere uma análise da Capital Economics sobre a reunião do Federal Open Market Committee (FOMC), que termina esta quarta-feira.

A Fed subiu os juros em março (para um intervalo entre 1,5% e 1,75%) e indicou que o iria fazer num total de três vezes durante o ano. No entanto, os recentes dados poderão levar a uma mudança de postura.

Caminho de subidas dos juros consensual

O crescimento do PIB no primeiro trimestre foi mais suave que nos trimestres anteriores, nos 2,3% analizados, que foram atribuídos ao mau tempo, à volatilidade do mercado de ações e à retórica comercial protecionista que perturbam o sentimento e o consumo. Apesar disso, as perspectivas para a atividade do segundo trimestre são suportadas pela robustez da confiança dos consumidores, sentimento empresarial e emprego, associado ao corte nos impostos.

Simultaneamente, a inflação continua acima da meta de 2% da Fed, tendo o índice de preços no consumidor (IPC) atingido 2,4% e o índice de gastos com consumo privado (PCE) 1,6%, em março. O índice de custo de trabalho, que mede a evolução dos salários, subiu 0,8% no primeiro trimestre, ao ritmo mais elevado numa década.

“Depois de ter subido os juros no mês passada, a Reserva Federal vai fazer uma pausa para respirar esta semana, consistente com a política de ‘subidas graduais’. Apesar disso, a postura de uma política monetária mais apertada continua forte, com os recentes dados provavelmente a darem confiança à Fed para subir os juros mais três vezes este ano”, afirmou James Knightley, economista-chefe internacional do banco ING, que também já reviu em alta a estimativa.

Volatilidade no futuro norte-americano

Franck Dixmier, global head of fixed income da AllianzGI, concorda no ajuste da expetativa e considera que os investidores estão “tranquilos” com a orientação da Fed em 2018. Apesar disso, sublinha que a perspetiva do banco central parece estar a divergir do mercado, a longo prazo, o que pode criar turbulência.

O dot plot – resumo das previsões para os juros de cada membro do FOMC –, indica que a Fed vai subir os juros cinco vezes entre o final de 2018 e o final de 2020, para uma taxa final entre 3% e 3,25%.

“Isso significa que o banco central dos EUA está a meio caminho da sua meta, dada a taxa atual de fundos federais de 1,75% e os 150 pontos-base em subidas que a Fed implementou desde dezembro de 2016. Os investidores, por outro lado, não acreditam neste cenário: estão apenas a internalizar duas subidas no mesmo período de tempo”, explica Dixmier, acrescentando que a divergência vai resultar em “volatilidade futura, o que pode prejudicar os juros de longo-prazo, caso os investidores ajustem as expetativas – para parecerem mais próximas do que se espera que o banco central faça”.

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