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Primeiro-ministro espanhol critica decisão do Reino Unido de impor restrições nas viagens

O primeiro-ministro espanhol adiantou ainda que Londres e Madrid estão em negociações, embora o governo de Boris Johnson já tenha admitido que não tem intenções de alterar a sua decisão num futuro próximo.
28 Julho 2020, 10h54

Espanha entrou para a lista da quarentena obrigatória aos cidadãos britânicos, depois de ter sido considerado um país seguro, e o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, considera a nova decisão como “injusta”, avança a “BBC”.

Numa entrevista ao canal televisivo “Telecinco”, Pedro Sánchez afirmou que os turistas estariam mais resguardados em algumas regiões espanholas do que no Reino Unido, e garantiu, na mesma entrevista, que espera que o país de Sua Majestade repense a decisão da última semana.

O primeiro-ministro espanhol adiantou ainda que os dois Executivos estão em negociações, embora o governo de Boris Johnson já tenha admitido que não tem intenções de alterar a sua decisão num futuro próximo, depois de introduzir novos países na lista das restrições. “Nenhuma viagem é isenta de riscos durante esta pandemia”, disse o porta-voz de Johnson na conferência de imprensa da passada semana.

O partido Trabalhista assumiu que o tratamento do governo britânico às restrições foi “caótico”, uma vez que foram fazendo alterações ao longo da semana sem terem em consideração os casos confirmados anteriormente.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros britânicos pediu aos seus cidadãos para evitarem viagens não essenciais às ilhas Canárias e Baleares, bem como a Espanha continental. O facto do governo britânico estar a desaconselhar todo o território espanhol também está a cair mal entre algumas agências de viagens, que destacam o facto das ilhas apresentarem uma taxa de infeção menor.

De acordo com Pedro Sánchez, o governo britânico cometeu um “erro” ao considerar a taxa de infeção do país como um todo, devendo considerar as taxas de infeção por regiões. Cerca de “64,5% dos novos casos registados estão em dois territórios” e a prevalência da Covid-19 na maior parte do território espanhol é “muito inferior aos números registados no Reino Unido”, disse Sánchez à “Telecinco”.

Atualmente, a taxa de infeção em Espanha é de 35,1 por 100 mil habitantes, enquanto o no Reino Unido fixou-se em 14,7 por 100 mil habitantes, de acordo com os dados do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças recolhidos pela “BBC”.

Analisando o mapa espanhol, após os 6.361 novos casos desde sexta-feira, é possível verificar que a Catalunha e Aragão são as regiões mais perigosas em termos de casos, tendo sofrido um aumento no número de casos.

Chris Bryant, do partido trabalhista britânico, questionou sobre a razão das Canárias terem sido escolhidas para ficar de fora da lista com ‘lux verde. “Porque razão as Canárias – que ficam mais longe de Barcelona do que Barcelona do Reino Unido – estão na lista com Espanha continental?”, apontou. “Há muitas e muitas regiões em Espanha que têm taxas de infeção muito mais baixas do que muitas regiões no Reino Unido. Penso que foi mal tratado”, disse o trabalhista.

Portugal, à semelhança de Espanha, também ficou de fora dos corredores aéreos com ligação direta ao Reino Unido, apesar de nunca ter sido incluído na primeira volta com ‘luz verde’, com exceção da Madeira e Açores. As reações à decisão britânica, tanto da primeira como da segunda vez, não tardaram em surgir e já se falou em efeitos devastadores para a economia.

O Presidente da República apontou como “evidente” que Portugal queria a abertura do corredor sem quarentena para que os britânicos usufruíssem do território nacional e que a economia do Algarve continuasse a funcionar, enquanto Augusto Santos Silva, o ministro dos Negócios Estrangeiros, diz que a decisão do Reino Unido foi “sem fundamentação”, uma vez que Portugal cumpre os cinco critérios impostos pelo governo de Boris Johnson.

O primeiro-ministro português, António Costa, aquando da primeira exclusão admitiu que esta era “injusta” e que muitas vezes existia “retaliações” entre países, tendo classificado a necessidade de “bom sendo” e de um “diálogo sério” por parte das instituições europeias.

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