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Primeiro-ministro japonês novamente na Europa, desta vez na Holanda e Reino Unido

Shinzo Abe quer impulsionar o Acordo de Parceria Económica com a União Europeia. E mesmo com o ‘Brexit’ – que já elogiou – o Reino Unido continua a constar dos radares nipónicos.
  • Shinzo Abe
9 Janeiro 2019, 07h19

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, está a partir de hoje, dia 9 de janeiro, novamente em território europeu, desta vez na Holanda, onde é recebido esta quarta-feira pelo seu homólogo, Mark Rutte, e no dia seguinte no Reino Unido, onde se encontrará com Theresa May.

Depois de ter estado recentemente em Espanha, França e Bélgica, Abe quer assim demonstrar que a assinatura, em julho passado, do Acordo de Parceria Económica com a União Europeia, não foi um mero pró-forma para a fotografia e que quer de facto abrir novas rotas para o comércio internacional – e que o ‘Brexit’ não o impede de falar com quem quiser.

O acordo foi assinado num quadro internacional dominado pelo aumento das evidências de que os EUA haviam optado por uma deriva protecionista, o que levou a que muitos países se apressassem a engendrar alternativas para não se afundarem numa crise económica global cada vez mais previsível.

A posição do Japão é, nesta matéria, particularmente delicada: a ilha é um dos principais aliados dos EUA naquela região do globo e quando o presidente norte-americano Donald Trump ‘tomou de ponta’ o regime norte-coreano, fê-lo em larga medida pela pressão de sul-coreanos e de japoneses – que viam na vizinhança de Kim Jong-un uma séria ameaça à sua segurança.

Mas a economia japonesa – que ‘navega’ em cima de uma dívida colossal (próxima dos 250% do PIB) e está a sentir os primeiros sintomas preocupantes do envelhecimento da população – não pode ficar parada à espera que o expediente da Casa Branca mude em favor do comércio internacional.

Como não podia deixar de ser, o comércio bilateral (que comemorou 400 anos em 2009) é, segundo divulgou o governo holandês, o ponto mais importante da agenda do encontro entre os dois dirigentes.

Por grande coincidência, Shinzo Abe estará na Holanda no dia em que ali abrirão as novas instalações (temporárias) da Agência Europeia do Medicamento, recentemente ‘defenestrada’ do Reino Unido, para onde o primeiro-ministro japonês viajará no dia seguinte.

Há algumas semanas, Abe – em plena cimeira do G20, em Buenos Aires, Argentina – referiu-se ao ‘Brexit’ como uma forma de os britânicos voltarem a ter nas mãos o controlo do seu destino (pelo menos do económico) e foi muito simpático com a primeira-ministra Theresa May (coisa rara durante a cimeira) nos elogios que teceu à forma como as negociações com a União foram lideradas.

Para os britânicos, a visita é essencial: numa altura em que as portas da União Europeia já estão a fechar-se – o que deverá acontecer com assinalável estrondo já na próxima semana – qualquer alternativa ao comércio com os 27 não podia ser mais bem-vinda.

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