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“Probabilidade é nula”. CDS-PP afasta entendimentos com Chega e André Ventura responde

O líder democrata-cristão considera que o Chega têm-se afastado “cada vez mais” dos valores do centro-direita e diz que o CDS-PP não pode compactuar com um partido que se baseia em “conversas de café” e é “incoerente” naquilo que defende.
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7 Agosto 2020, 11h41

O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, afasta qualquer possibilidade de entendimento entre o partido que lidera e o Chega de André Ventura. O líder democrata-cristão considera que o Chega têm-se afastado “cada vez mais” dos valores do centro-direita e diz que o CDS-PP não pode compactuar com um partido que se baseia em “conversas de café” e é “incoerente” naquilo que defende.

“O Chega está cada vez mais distante dos valores que o centro-direita democrático e popular representam em Portugal. Coloco, naturalmente, sempre linhas vermelhas que são definidas pelos nossos valores de um partido que tem 46 anos, que não é um homem só e que não se baseia em conversas de café, em incoerência nem palavras de ordem, que são inegociáveis”, afirmou Francisco Rodrigues dos Santos, em entrevista à revista “Visão”.

O líder do CDS-PP diz que, “a partir do momento em que se percebe que há um distanciamento” em relação aos valores do centro-direita e há “uma tentativa constante de ultrapassar estas linhas vermelhas” a resposta a um possível entendimento com o Chega “está dada” e será sempre não. Francisco Rodrigues dos Santos vai mais longe e diz mesmo que, neste momento, a probabilidade de entendimentos entre o CDS-PP e o Chega é “nula”.

Após a entrevista, o presidente dos democratas-cristãos veio reafirmar na rede social Twitter que o CDS-PP “tem 46 anos e representa uma direita democrática e popular que tem linhas vermelhas; não é partido de um homem só e não alinha em caudilhismos de discursos radicais de café”.

No Facebook, acrescentou ainda que espera que “todos aqueles que já votaram CDS-PP” reconheçam, nas suas palavras, “a política de valores e causas, reformista e sensata, personalista e regeneradora; e que voltem a depositar a sua confiança neste novo partido popular”. “A morada da direita popular, dos moderados reformistas, dos patriotas sonhadores, dos governantes cumpridores, um partido que quer recuperar a sua importância eleitoral”, disse.

Em resposta a líder centrista, o presidente demissionário e deputado único do Chega, André Ventura, escreveu no Twitter: “Acho que depois disto vou cancelar as férias! Não estou com a mínima disposição para descansar depois deste rude golpe político”.

Recorde-se que, em maio, Francisco Rodrigues dos Santos disse, em entrevista à rádio TSF, que admitia coligações com os outros partidos à direita do PS, incluindo o Chega, desde que os programas respeitem os valores democratas-cristãos e não refletissem um “discurso de ódio” e um “populismo agressivo que semeia medo e fraturas sociais”.

O recuo na decisão surge numa altura em que o líder do Partido Social Democrata (PSD), Rui Rio, admite conversar com o Chega, caso o partido modere o discurso. “Se o Chega evoluir – embora seja um partido marcadamente de direita, em muitos casos de extrema-direita, muito longe de nós que estamos ao centro – para uma posição mais moderada, penso que as coisas se podem entender”, referiu à RTP3.

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