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Procura interna e PRR suportam retoma em 2022

Executivo está otimista quanto à recuperação económica, à boleia do sucesso da vacinação, não admitindo nova vaga da pandemia entre riscos prováveis. Especialistas admitem ajustes na despesa se crescimento ficar aquém do previsto.
  • Cristina Bernardo
13 Outubro 2021, 08h22

O Governo prevê que a economia portuguesa regresse aos níveis pré-pandemia já no próximo ano, com um crescimento de mais de 10% em 2021 e 2022. A proposta de Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) projeta um crescimento de 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano, suportado no crescimento da procura interna (+4,9%), apesar se esperar também um crescimento das exportações de bens e serviços (+10,3%) e do investimento (+8,1%).

“A evolução da economia constitui sempre um risco para os orçamentos e 2020 e 2021 foram exemplos dramáticos disso mesmo. Para 2022 não se esperam as dificuldades dos últimos dois anos, mas o crescimento poderá perfeitamente ficar aquém das previsões e estou certo que estarão planeados alguns mecanismos de ajustamento na despesa caso a economia cresça consideravelmente menos do que o esperado”, disse ao Jornal Económico o economista Filipe Garcia, da IMF – Informação Mercados Financeiros.
Por sua vez, Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa,, recorda que o crescimento económico projetado de 5,5% em 2022 pela proposta de OE2022, está ligeiramente acima do que foi antecipado pelos organismos internacionais. “A revisão em alta, muito provavelmente, antecipa uma melhoria no mercado da energia no próximo ano, a redução das dificuldades nas cadeias de abastecimento a nível global e a gradual superação da pandemia de Covid-19”, destaca, acrescentando que a proposta de OE2022 estima uma melhoria da envolvente externa e, isso, reflete-se num contributo das contas externas para o PIB português acima do previsto para o presente ano de 2021”.

Todavia, o Governo “estima que o grande impulsionador do crescimento económico em 2022 seja o investimento privado alicerçado no PRR e este facto poderá explicar a revisão em alta, à volta de meio ponto percentual, das perspetivas de crescimento relativamente ao FMI e OCDE”. O Executivo prevê uma subida do investimento público no próximo ano para 7.317 milhões de euros, uma subida de 29,1% face ao ano passado, atingindo 3,2% do PIB.

Governo não equaciona nova vaga da pandemia
O otimismo do ministro das Finanças, João Leão, ficou patente na noite de segunda-feira, quando entregou a proposta de lei orçamental ao presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues. E foi visível também na conferência de imprensa que teve lugar na terça-feira de manhã, com a ênfase a ser colocada no sucesso do programa de vacinação contra a Covid-19.

“Portugal neste momento tem 85% da sua população vacinada. É o país do mundo que está mais avançado no seu processo de vacinação. Há um ano atrás muitos duvidavam que isso fosse possível”, disse João Leão.

Ao contrário das instituições internacionais e de outros governos europeus, o Executivo nem sequer menciona a probabilidade de uma nova vaga da pandemia entre os possíveis riscos que podem colocar em causa o cenário macroeconómico esperado para o próximo ano. Questionado a este respeito, na conferência de imprensa, João Leão esclareceu que para 2022 o Governo prevê “um cenário em que a pandemia já não afete e condicione a atividade económica”.

Contudo, reconheceu que “há sempre o risco de uma nova variante que seja mais resistente à própria vacinação”. Ainda que tenha assinalado que “esse não é o cenário central que está a ser desenhado por Portugal e pelas instituições internacionais para o próximo ano”, sendo apenas um risco “potencial”.

Ainda assim deixou a garantia que “para o próximo ano estamos disponíveis e estabelecemos o compromisso que caso a pandemia volte a condicionar a atividade económica não hesitaremos em retomar todas as medidas de apoio que aplicámos este ano. Ajudaremos as empresas se esse cenário negativo, que não prevemos se vier a concretizar e lançaremos novamente mão dos apoios para que as empresas possam manter os postos de trabalho, as famílias também consigam enfrentar eventuais cenários que não prevemos da pandemia”, afirmou João Leão na ocasião, acrescentando que o Governo “estaria sempre disponível – nesse cenário que não antecipamos -, a lançar mão de todos os apoios que tanto sucesso mostraram, em particular na evolução do mercado de trabalho”.

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