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Procuradores denunciam violações de emails e pedem “ampla auditoria” à PGR

Os magistrados do Ministério Público denunciam violação de correspondência online, com crime do segredo de Justiça, e pedem “ampla auditoria” em carta do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) enviada à Procuradora-Geral da República. E alertam Lucília Gago que a segurança de “informação sensível” tem de ser garantida pois, caso contrário,” toda a investigação criminal poderá ficar comprometida”.
  • Miguel A. Lopes/Lusa
30 Setembro 2020, 14h56

Os magistrados do Ministério Público denunciam violação de correspondência online, com crime do segredo de Justiça, e pedem “ampla auditoria” em carta do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) enviada à Procuradora-Geral da República (PGR). SMMP diz que foram inclusivamente revelados dados que se encontravam em segredo de justiça e alerta Lucília Gago que  segurança de informação sensível no que se refere à investigação criminal e às comunicações entre magistrados, tem de ser garantida pois, caso contrário, “toda a investigação criminal poderá ficar comprometida”.

Na circular enviada aos associados do SMMP, onde se dá conta do ofício remetido à PGR, a direção do sindicato liderado por António Ventinhas dá conta que tomou conhecimento, através dos seus sócios e da comunicação social, de que várias caixas de correio eletrónico de magistrados “foram acedidas ilicitamente, bem como houve outras intromissões indevidas em sistemas informáticos da Justiça e do Ministério Público”.

Em alguns casos, diz o SMMP, foram inclusivamente revelados dados que se encontravam em segredo de justiça.

“A segurança de informação sensível no que se refere à investigação criminal e às comunicações entre magistrados, tem de ser garantida pois, caso contrário, toda a investigação criminal poderá ficar comprometida”, lê-se no ofício enviado a Lucília Gago, onde exortam a Procuradora Geral da República a  tomar todas as medidas necessárias à realização de “uma ampla auditoria aos sistemas informáticos e canais de acesso às caixas de correio eletrónico dos magistrados do Ministério Público, com vista a apurar da dimensão do problema”.

Para além disso, o SMMP solicita que se faça uma monitorização regular do sistema, de modo a aferir e prevenir o risco de acessos não autorizados, por qualquer meio, a dados/informação constantes dos sistemas informáticos em uso pelos magistrados do Ministério Público, nomeadamente informação respeitante a investigações de ilícitos criminais.

“Enquanto estas operações não forem efetuadas, entendemos que está aberto o caminho para o acesso ilegítimo a dados cobertos pelo segredo de justiça, por via informática, o que, aliás, já aconteceu”, acrescenta o SMMP no ofício.

O sindicato acrescenta ainda que nos próximos 60 dias, os magistrados do Ministério Público encontram-se obrigados a entregar as suas declarações de rendimentos e património nos termos do recentemente publicado regulamento sobre a declaração de rendimentos, património, interesses, incompatibilidades e impedimentos dos magistrados do Ministério Público.

“As declarações em causa contêm dados da vida privada dos magistrados e dos seus familiares”, frisa o SMMP, solicitando que, face às falhas de segurança dos sistemas informáticos já evidenciadas no passado, este sindicato seja informado se o processo de transmissão dos requerimentos eletrónicos de declaração de rendimentos para a PGR é completamente seguro, se a base de dados onde irão ser inseridas as declarações de rendimentos foi certificada por uma entidade credenciada, bem como se foram definidas medidas de segurança que impeçam acessos exteriores não autorizados.

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