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Produção industrial da China volta a abrandar em outubro  

O indicador, que mede a atividade nas fábricas, oficinas e minas do país, cresceu 4,7%, no mês passado, depois de, em setembro, ter aumentado 5,8%, uma recuperação face a agosto, quando a produção industrial chinesa registou o maior abrandamento em 17 anos, ao crescer 4,4%.
  • David Gray/Reuters
14 Novembro 2019, 08h21

A produção industrial da China voltou a abrandar em outubro, segundo dados oficiais hoje divulgados, acompanhando a tendência registada em outros indicadores económicos, face a uma prolongada guerra comercial entre Pequim e Washington.

O indicador, que mede a atividade nas fábricas, oficinas e minas do país, cresceu 4,7%, no mês passado, depois de, em setembro, ter aumentado 5,8%, uma recuperação face a agosto, quando a produção industrial chinesa registou o maior abrandamento em 17 anos, ao crescer 4,4%.

O Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) da China revelou ainda que o investimento em ativos fixos, que inclui os gastos com imóveis, infraestrutura ou maquinaria cresceu 5,2%, nos primeiros 10 meses do ano, abaixo do ritmo alcançado em setembro, de 5,4%.

Tratou-se do menor ritmo de crescimento desde que o GNE começou a publicar dados para aquele índice, em novembro de 1999.

O aumento das vendas a retalho, o principal indicador do consumo privado, fixou-se em 7,2%, em outubro, face ao mesmo mês do ano passado, a menor taxa de crescimento homólogo desde abril.

A ascensão ao poder de Donald Trump em Washington ditou o espoletar de disputas comerciais, com os dois países a aumentarem as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de cada um.

A liderança norte-americana, que teme perder o domínio industrial global à medida que Pequim tenta transformar as firmas estatais do país em importantes atores em setores de alto valor agregado, como inteligência artificial ou robótica, acusa a China de práticas comerciais injustas.

Em outubro, as exportações chinesas caíram 0,9%, refletindo uma queda acentuada nas vendas para os Estados Unidos, de 16%. As importações recuaram 6,4%, o nono declínio mensal consecutivo.

Analistas apontam que o maior impacto será no investimento, à medida que as empresas adiam os seus planos, face à guerra comercial com os EUA. O investimento em infraestruturas fixou-se, em outubro, nos 4,2%, abaixo dos 4,5%, registados em setembro.

Um porta-voz do GNE atribuiu os problemas económicos da China a uma “desaceleração do crescimento económico global” e “incertezas externas relativamente grandes”.

A economia chinesa cresceu 6%, no terceiro trimestre do ano, o ritmo mais lento em quase três décadas.

Durante uma reunião com economistas e funcionários do Governo em Pequim, na terça-feira, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, reconheceu os desafios que a economia enfrenta.

“O atual ambiente externo [tornou-se] ainda mais complexo e severo, com crescente pressão sobre a economia doméstica, aumento rápido dos preços da carne suína e de outros produtos, e dificuldades crescentes nas operações comerciais das empresas”, disse Li.

China e EUA estarão próximos de um primeiro acordo: Washington suspenderia novo aumento das taxas alfandegárias sobre bens chineses e, em troca, a China compraria produtos agrícolas norte-americanos, num valor entre os 40.000 e os 50.000 milhões de dólares.

No entanto, questões centrais como a transferência forçada de tecnologia ou proteção da propriedade intelectual continuam por resolver.

No domingo, Donald Trump voltou a advertir para novo aumento das taxas, caso Pequim e Washington não cheguem a uma acordo provisório.

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