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Profissionais de saúde de Cabo Verde terão seguro de vida

“Está acautelada a manutenção integral da remuneração dos profissionais e um seguro de vida durante esta fase do combate à Covid-19”, anunciou o chefe do Governo local, Ulisses Correia e Silva.
  • ‘@ Inforpress
3 Abril 2020, 18h18

O Sistema Nacional de Saúde de Cabo Verde foi reforçado com 179 enfermeiros devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus e todos os profissionais de saúde vão ter acesso a um seguro de vida, anunciou esta sexta-feira o primeiro-ministro cabo-verdiano.

“Está acautelada a manutenção integral da remuneração dos profissionais e um seguro de vida durante esta fase do combate à Covid-19”, anunciou o chefe do Governo local, Ulisses Correia e Silva, durante uma conversa aberta, na Praia, com representantes das regiões sanitárias, delegacias de saúde, hospitais centrais e profissionais do setor da saúde.

Na intervenção no final do encontro, o primeiro-ministro destacou que já foram recrutados 179 enfermeiros para “reforçar” o Sistema Nacional de Saúde em todos os concelhos de Cabo Verde e que estão em curso contactos com os governos da China e de Cuba, para cedência de especialistas para o combate à pandemia de covid-19 no arquipélago.

A presidente do Instituto Nacional da Previdência Social (INPS), Orlanda Ferreira, garantiu que os profissionais colocados em isolamento profilático devido à covid-19 vão receber um “subsídio equivalente ao subsídio de doença”, correspondente a 70% do salário. O INPS vai ainda disponibilizar medicamentos para o tratamento necessário, avançou.

Cabo Verde, que se encontra em estado de emergência pelo menos até 20 de abril, regista seis casos confirmados da doença, provocada por um novo coronavírus, entre as ilhas da Boa Vista e de Santiago, um dos quais acabou na morte de um turista inglês, de 62 anos.

O último caso confirmado de covid-19 foi registado em 28 de março, mas Ulisses Correia e Silva avisou que levantar o estado de emergência, que entrou em vigor no dia seguinte, ainda não pode ser dado como adquirido para já.

“A saída depende muito do controlo de situações de prevalência de contágios e de propagação do vírus, e regressamos à vida normal”, alertou.

“Com seis casos positivos nós agravamos as medidas de restrição com o estado de emergência, essas medidas não significam que não possa haver mais casos. Haverá mais casos positivos, mas haveria mais casos se não tivéssemos tomado as medidas preventivas como temos estado a adotar”, enfatizou.

E justificou a preocupação de Cabo Verde, arquipélago com menos de 600 mil habitantes e dependente do turismo: “O que está a acontecer em muitos países desenvolvidos, com sistemas de saúde sofisticados, mostra o que quão importante é a prevenção e a tomada de medidas restritivas atempadas para evitar situações que possam colapsar o sistema de saúde e possam colocar em sérios riscos os profissionais de saúde”.

Por isso, o apelo é de novo à “disciplina” dos cabo-verdianos nesta fase de estado de emergência, ficando em casa.

“Quanto mais podermos conter o número de infetados, menores pressões teremos sobre o sistema nacional de saúde” e “mais fácil será salvar vidas”, apontou.

Na reunião de hoje, o bastonário da Ordem dos Médicos de Cabo Verde, Danielson Veiga, advogou a necessidade de reforçar os equipamentos de proteção individual dos profissionais de saúde, face ao risco de exposição.

“Não é todos os dias que qualquer médico se depara com uma situação destas, mas com o evoluir da situação penso que Cabo Verde tomou as medidas certas”, admitiu o bastonário.

A proteção individual foi um alerta também transmitido na reunião pela presidente da comissão instaladora da Ordem dos Enfermeiros.

“Sabemos que em todo o mundo os profissionais de saúde têm uma taxa elevada de contaminação, então apelo para tomarmos cuidado. Não deixarmos de atender as pessoas, mas também cuidarmos de nós próprios e dos nossos familiares”, disse Evanilda Nascimento Santos.

Dirigindo-se diretamente aos profissionais de saúde, o primeiro-ministro recordou que são a “última linha que separa a vida da morte”.

“E é precisamente por causa disso, mais uma vez, que temos de fazer tudo para que não cheguemos a esta linha. Isso significa mais prevenção, mais isolamento, mais disciplina”.

A pandemia afeta já 50 dos 55 países e territórios africanos, com mais de 7.000 infeções e 280 mortes, segundo o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC).

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 54 mil.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

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