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Projetos que surgiram com a pandemia: “Quando todos pararam, iniciei a minha atividade”

A mudança de hábitos dos portugueses durante o confinamento foi um dos fatores motivadores da criação de novos negócios que transformam problemas em oportunidades.
  • Gigs em Casa
11 Maio 2020, 07h30

A pandemia de Covid-19 deixou a vida de muitos portugueses em suspenso, mas para outros esta foi uma oportunidade para criar novos negócios ou para acelerar projetos que já estavam em preparação, como aconteceu com Rafael Mesquita, o criador do Rapaz dos Recados, que confessa que “quando todos pararam eu iniciei a minha atividade”.

“Tive uma ideia no final do ano, quando fui a Lisboa e tive conhecimento deste serviço. Gostei da ideia e achei que era bastante interessante trazê-lo para a cidade de Leiria e arredores”, conta Rafael Mesquita, que só previa iniciar atividade em maio. No entanto, tudo mudou com a chegada do coronavírus. “Estava previsto começar no final de maio porque sou treinador de futsal e era quando terminava a época, com isto da pandemia parou tudo e então comecei a atividade”, recorda.

Rafael Mesquita criou um serviço de entregas ao domicílio, em Leiria, e leva a casa dos clientes desde refeições, vindas de restaurantes com os quais colabora, a compras de supermercado. O Rapaz dos Recados já tem 500 clientes fixos, com pedidos diários, e o segredo, como explica, está no serviço personalizado.

“Quando vou às compras tenho o cuidado de falar com as pessoas, tenho a atenção de saber as marcas de que gostam, peço sempre essa referência. Este é um serviço mais próximo do cliente e é quase como se fossem eles a fazer as compras”, explica Rafael Mesquita.

O Rapaz dos Recados nasceu da mudança de hábitos dos portugueses, principalmente durante o período de confinamento, e o mesmo aconteceu com o projeto de stream de concertos Gigs em Casa.

“O Gigs em Casa surge acima de tudo da necessidade que nós, como produtora de eventos de música ao vivo, tivemos em criar uma alternativa para sustentar a empresa”, diz Luís Salgado, diretor da produtora Amazing Eventos. Assim, surgiram “produções profissionais de música em palco”, que visam “proporcionar uma experiência imersiva às pessoas que estão em casa”. “O nosso formato traz alguma da intensidade da música ao vivo”, garante Luís Salgado.

A primeira experiência foi com a banda Peste&Sida, que contou com 60 mil pessoas a assistir ao concerto, e Luís Salgado espera poder começar a gerar lucro no próximo mês. De momento os concertos estão disponíveis para qualquer pessoa, mas em breve isso mudará. “Estamos a preparar alguns conteúdos em vídeo em que será preciso subscrição através do site”, conta.

“Não queremos perder o público nas salas, mas sim criar situações em que quando as pessoas geograficamente não se possam deslocar tenham aqui a possibilidade de assistir às suas bandas favoritas em direto”, clarifica.

E de novas alternativas se faz a empresa de desenvolvimento de software à medida Void, cujo projeto cresceu desde a chegada da pandemia. “Tivemos novos projetos e um acréscimo de 30% da atividade média”, conta João Mota, um dos administradores da Void.

“Fomos abordados por clientes existentes e novos clientes para criar novas soluções que permitam de facto ou fazer face às necessidades de teletrabalho ou criar novas ofertas para o mercado relacionadas com a mudança de prestação de serviços”, relembra João Mota.

Os novos pedidos estão direcionados para o e-commerce, para a criação de sites ou aplicações, e João Mota garante que “agora já não haverá um retrocesso porque temos uma nova realidade, independentemente do fim desta pandemia”. “Temos de criar formas de resiliência para que os nossos trabalhos não estejam tão expostos a este tipo de risco”.

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