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Protecionismo e risco de guerra comercial entre EUA e China marca encontros da primavera do FMI

Num discurso proferido na quarta-feira na Universidade de Hong Kong, a líder do FMI, Christine Lagarde, vincou que estes são dois dos principais temas do encontro que reúne os principais líderes económicos mundiais em Washington entre segunda-feira e domingo.
15 Abril 2018, 19h04

A rejeição do protecionismo e o crescente risco de guerra comercial entre os Estados Unidos e a China devem marcar os Encontros da Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, que arrancam segunda-feira, em Washington.

Num discurso proferido na quarta-feira na Universidade de Hong Kong, a líder do FMI, Christine Lagarde, vincou que estes são dois dos principais temas do encontro que reúne os principais líderes económicos mundiais em Washington entre segunda-feira e domingo e que serão sublinhados no relatório sobre as Perspetivas Económicas Mundiais, um documento a divulgar na terça-feira.

“Os governos precisam de rejeitar o protecionismo em todas as suas formas. A história mostra que as restrições à importação prejudicam toda a gente, especialmente os consumidores mais pobres”, vincou Lagarde em Hong Kong.

A declaração acontece numa altura em que a maior economia mundial, os Estados Unidos, lançou um aumento dos impostos alfandegários sobre o alumínio e o aço, originando por parte da China, a segunda maior economia, uma resposta semelhante, o que poderá desencadear uma guerra comercial mais alargada.

Fontes do FMI reconheceram à agência Efe que o debate protecionista marcará o encontro, lamentando que o bom momento económico global, com crescimento generalizado em quase todo o mundo, seja ofuscado.

Outra das mensagens que será enfatizada em Washington é o perigo que decorre do aumento da dívida pública e privada, que chegou ao nível mais alto de sempre: 164 biliões de dólares.

“Novas análises do FMI mostram que, depois de uma década de condições financeiras fáceis, a dívida global chegou ao maior valor de sempre. A dívida pública nas economias avançadas está a níveis inéditos desde a Segunda Guerra Mundial, e se as tendências recentes continuam, muitos países de baixo rendimento vão enfrentar um peso da dívida insustentável”, acrescentou a diretora-geral do FMI no discurso proferido em Hong Kong.

Sobre a criação de riqueza inclusiva a longo prazo, a diretora-geral do Fundo salientou que “mais de 40 países emergentes e em desenvolvimento devem crescer mais devagar, em termos per capita, que as economias avançadas”, o que significa uma importância acrescida de os setores dos serviços aumentarem a produtividade.

“O governo digital pode garantir serviços públicos mais eficazmente, o que ajuda a melhorar a vida das pessoas”, disse, concluindo que “ao usar novas ferramentas, como análise de grandes dados, os governos conseguem reduzir as fugas, que estão muitas vezes diretamente relacionadas com a corrupção e a evasão fiscal”.

“O mundo está a viver um forte crescimento… e como vão ver nas nossas perspetivas na próxima semana, continuamos a estar otimistas”, disse Christine Lagarde no discurso de lançamento dos Encontros da Primavera.

Para Lagarde, este momento de crescimento sustentado é ideal para os governos apostarem em reformas políticas, já que “a janela de oportunidade está aberta”.

No entanto, acrescentou a antiga ministra das Finanças de França, “há um novo sentido de urgência porque as incertezas aumentaram significativamente, desde as tensões comerciais, ao aumento dos riscos financeiro e orçamental, até à geopolítica mais incerta”.

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