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Próximo relatório global sobre alterações climáticas começa a ser escrito em Faro

Os especialistas do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas da ONU, estão reunidos em Faro, até sábado, para avançar na elaboração do sexto relatório ambiental que deverá ser publicado entre 2021 e 2022.
27 Janeiro 2020, 14h26

Negar a realidade do agravamento do aquecimento global já não é uma opção. A única alternativa que nos resta é a ação climática. Pelo menos, é esse o mote que rege entre os 260 especialistas do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC, sigla em inglês) reunidos em Faro, nesta segunda-feira.

“Estamos a emergir de anos muito intensos no painel. Desde de que foi publicado o artigo sobre a limitação da subida da temperatura global a 1,5º Celsius, temos assistido a uma grande e intensa mobilização populacional”, confessou Hans-otto Pörtner, climatologista e copresidente do Grupo de Trabalho II durante a conferência de imprensa. “Tem sido um movimento internacional porque todos estão cientes de que ninguém está imune às alterações climáticas”.

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O IPCC escolheu a Universidade do Algarve, para reunir as pesquisas de especialistas de mais de 60 países para a elaboração do Sexto Relatório de Avaliação (AR6) que tem como principal foco o impacto das alterações climáticas nos sistemas naturais e humanos e as suas vulnerabilidades.

Presente na Cerimónia de Abertura, o presidente da Câmara Municipal de Faro considerou que a escolha da cidade algarvia para o evento coincide com a realidade ambiental atual: “A região do Algarve já está a sofrer as alterações climáticas devido ao nível do mar e a região costeira. As autoridades locais já têm dificuldades em manter as reservas de água cheias. Os abastecimentos de água que temos atualmente apenas responderão a um ano de procura. Temos que procurar fazer melhor”, alertou Rogério Bacalhau.

Em resposta, o Ministro do Mar garantiu que o Governo tem estado comprometido com as metas climáticas estabelecidas pelo IPCC, o Acordo de Paris de 2015 e no novo Pacto Ecológico Europeu anunciado pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

“A vontade politica parece estar a desaparecer à medida que as alterações climáticas se agravam, mas Portugal tem estado ativamente comprometido no sentido de mitigar este fenómeno”, frisou Ricardo Serrão Santos.

Portugal é um dos países da União Europeia mais determinados em alcançar a neutralidade carbónica até 2050. Aos olhos dos especialistas do IPCC, a medida é “ambiciosa” e deverá influenciar muitas outras nações a rumar no mesmo sentido.

Ao JE, Pörtner, enquanto cidadão europeu, refere que assumir a liderança na neutralidade carbónica é fundamental para “mostrar às outras nações que o net-zero funciona”.

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A pesquisa e a avaliação do impacto das alterações climáticas nos ecossistemas, na biodiversidade e nas sociedades estabelecidas será liderada pelo Grupo de Trabalho II que também analisa a capacidade e limites desses sistemas para se adaptarem às mudanças e estuda opções para reduzir os riscos associados ao clima, criando a perspetiva de um futuro mais sustentável.

Desta reunião resultará um esboço do relatório, que irá ainda ser revisto pelos governos e especialistas em agosto de 2020. O relatório, que incluirá também as contribuições dos outros dois grupos de trabalho do IPCC, será finalizado em 2021.

Até agora o IPCC já analisou o estado da atmosfera, do solo, do mar e das populações e por isso tudo indica que o sexto relatório poderá ser uma atualização da informação já disponível. Porém, a certeza não é dada pelos especialistas. “Essa informação é confidencial”, referiu Debra Roberts, também copresidente do Grupo de Trabalho II, acrescentando que um aspeto que será garantido no novo relatório será uma análise regional dos impactos mais detalhada.

Em 2022 estará concluído o sexto ciclo de avaliação, aquando da conclusão de um Relatório de Síntese que vai integrar este relatório, as outras duas contribuições do Grupo de Trabalho e três Relatórios Especiais, recentemente produzidos.

 

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