O Partido Socialista (PS) condenou esta sexta-feira as declarações do ministro das Finanças holandês, Wopke Hoekstra, que pediu para que Espanha seja investigada por não ter capacidade orçamental para enfrentar a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). O secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, considera que as declarações do ministro holandês foram “irresponsáveis” e “nocivas” para o projeto europeu.
“Optar pelo egoísmo nacional e pelo caminho do salve-se quem puder, em detrimento dos valores fundadores da solidariedade europeia, como faz crer a posição do ministro das Finanças holandês, será um erro com consequências trágicas no projeto que nos garantiu a paz, o desenvolvimento e a justiça social”, alertou o secretário-geral adjunto do PS, na reunião da Comissão Permanente do partido desta sexta-feira.
José Luís Carneiro considera que “o falhanço clamoroso da UE” na resposta à crise económica de 2008 conduziu a “uma crise de confiança que ameaçou os seus fundamentos e deu força à demagogia e ao populismo” de que os Estados-membros estão a ser “vítimas”.
Segundo fontes europeias, Wopke Hoekstra terá dito, na reunião do Conselho Europeu por videoconferência, que a Comissão Europeia devia investigar países, como Espanha ou Itália, por não terem margem orçamental para lidar com os efeitos da crise provocada pelo novo coronavírus, apesar de a zona euro estar a crescer há sete anos consecutivos. Em reação isso, o primeiro-ministro, António Costa, classificou de “repugnante” a iniciativa do ministro das Finanças holandês.
“Está certo o nosso primeiro-ministro ao exigir uma resposta europeia e global que dê resposta à pandemia, que injete liquidez na economia e nas empresas, que garanta o emprego e o rendimento das famílias”, defendeu o secretário-geral adjunto do PS.
O dirigente socialista elogiou ainda as decisões tomadas pelo Conselho de Ministros, considerando que estas “se traduzem na proteção do emprego, do rendimento das famílias e de apoio às empresas”.
Segundo José Luís Carneiro, simplificação do regime de lay-off [suspensão temporária dos contratos de trabalho] e a decisão de se submeter à aprovação da Assembleia da República uma moratória relativa aos empréstimos bancários destinados à habitação e a decisão de se apoiar as famílias; empresas e demais entidades da economia social para assegurar o reforço de tesouraria e da sua liquidez são medidas fundamentais para apoiar as famílias e as empresas a enfrentar os efeitos desta pandemia”.
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