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PS precisou de quase quatro vezes menos votos do que o Chega para eleger deputados

Socialistas precisaram do número mais baixo de eleitores por cada mandato desde 1991, altura em que a Assembleia da República passou a ter 230 deputados, seguidos de perto pelos sociais-democratas. E o PAN precisou de menos votos do que o CDS-PP.
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    Mário Cruz/Lusa
8 Outubro 2019, 07h50

O PS foi o partido que precisou de uma média de votos mais baixa para eleger deputados, visto que os 106 deputados que já tem confirmados (quando faltam apurar os quatro dos círculos da emigração) corresponderam a 1.866.407 votos. A média de 17.607,61 votos por deputado não só é a mais baixa de entre os partidos que se apresentaram às legislativas de 2019, o que salvo raras exceções sucede com a força política mais votada, como é também o valor mais baixo desde 1991, quando a Assembleia da República passou a ter apenas 230 deputados.

A média de 17.607,61 votos por deputado do PS (que ainda poderá reduzir-se desde os socialistas obtenham um ou mais mandatos nos círculos da emigração, nos quais a participação eleitoral é muito baixa) destacou-se dos 18.448,74 votos necessários para eleger cada um dos 77 deputados do PSD, cujas listas recolheram a preferência de 1.420.553 eleitores no território nacional.

Mais atrás veio o Bloco de Esquerda, com uma média de 25.920,36 votos por cada um dos seus 19 deputados (492.487 votos), com a CDU logo a seguir, tendo uma média de 27.426,41 votos por cada um dos 12 deputados (329.117).

Apesar de ser a sexta força política em número total de votos (166.854) e em número de mandatos, o PAN teve uma média de votos por deputado mais reduzida (41.713,5 por cada um dos quatro que passará a ter) do que a do CDS-PP, que precisou de 43.289,6 votos por cada um dos cinco mandatos que manteve.

Já entre os partidos que passaram a ter representação parlamentar, cada qual com um único deputado, o Livre só precisou de 55.656 votos para cumprir esse objetivo, enquanto a Iniciativa Liberal teve 65.545 votos e o Chega somou 66.442 para obter um único mandato, precisando de quase quatro vezes mais votos do que a média dos socialistas.

Acima de Sócrates, Guterres e Portugal à Frente

Além de o método de Hondt potenciar a obtenção de mandatos pelos partidos mais votados em cada um dos círculos eleitorais, o facto de os pequenos e médios partidos só elegerem deputados em alguns círculos leva a que a média de votos por mandato obtido tenda a ser muito superior. Nestas eleições legislativas o PS foi o único partido que elegeu em todos os círculos (no caso de Portalegre ficou com os dois mandatos que estavam em disputa), o que contribuiu, juntamente com os 45,5% de abstenção e com a pulverização de votos por pequenos partidos, para que atingisse a média de votos necessários para eleger cada deputado mais baixa desde que a Assembleia da República tem 230 deputados.

Em comparação, o único secretário-geral do PS a atingir maioria absoluta, que foi José Sócrates nas legislativas de 2005, teve uma média de 21.391 votos por cada um dos seus 121 deputados, e António Guterres não desceu abaixo de 20.747,14 votos por cada um dos 115 deputados que os socialistas obtiveram em 1999, quando foi reconduzido no poder. Até agora, a média mais baixa sucedera em 2015, com as listas da coligação de centro-direita Portugal à Frente (juntando os mandatos e votos das listas separadas do PSD e do CDS-PP nos Açores e na Madeira) a conseguirem um deputado a cada 19.462,71 votos.

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