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PSD e CDS preparam nova estratégia política para evitar “derrota” nas legislativas

A fim de evitar um efeito de contágio nas legislativas, que decorrem dentro de quatro meses, ambas as direções políticas prepararam mudanças e planeiam uma nova estratégia política para o próximo confronto eleitoral.
28 Maio 2019, 07h48

O primeiro-ministro, António Costa, elegeu a direita como a principal derrotada da noite eleitoral e o Partido Social Democrata (PSD) e o Centro Democrático Cristão (CDS-PP) viram prontamente reconhecê-lo. A fim de evitar um efeito de contágio nas legislativas, que decorrem dentro de quatro meses, ambas as direções políticas prepararam mudanças e planeiam uma nova estratégia política para o próximo confronto eleitoral.

O PSD conseguiu o segundo lugar, nas eleições europeias, com 33,4% dos votos e seis eurodeputados, enquanto o CDS trambolhou para quinta força política mais votada, com 6,2% e apenas um eurodeputado eleito. Apesar de, em termos percentuais, terem em conjunto superado a percentagem de votos que conseguiram em 2014 (quando concorreram coligados), ambos os partidos esperavam um melhor resultado nestas eleições.

“A noite eleitoral teve dois derrotados evidentes em Portugal, Rui Rio [presidente do PSD] e Assunção Cristas [líder do CDS-PP], e três vencedores claros, António Costa [primeiro-ministro], Marisa Matias [cabeça de lista bloquista] e o PAN”, reconhece ao Jornal Económico o democrata-cristão Raúl de Almeida. “A pesada derrota do centro-direita é fundamentalmente a derrota de Rui Rio e de Assunção Cristas e o pré-anúncio da tragédia que se prevê para as legislativas de outubro”.

Tanto Rui Rio como Assunção Cristas vieram reconhecê-lo. “Não vale a pena tapar o sol com a peneira. Não atingimos os objetivos pretendidos para estas eleições”, afirmou Rui Rio, após terem sido conhecido os primeiros resultados oficiais, com 95% das freguesias apuradas. “Sabíamos que a abstenção era o nosso maior obstáculo. Houve uma abstenção histórica de 70%”, disse Assunção Cristas, depois de reconhecer que os resultados eleitorais não eram animadores.

Se as legislativas fossem hoje, o PSD apenas ganharia nos círculos da Madeira e de Vila Real. Em temos de representação na Assembleia da República, o partido perdia 20 lugares e, em vez dos atuais 89 deputados, a bancada social-democrata ficaria reduzida a 69 deputados. O mesmo efeito seria sentido no CDS-PP, cujo grupo parlamentar encolheria dos atuais 18 deputados para apenas nove, eleitos pelos círculos de Lisboa, Porto, Braga, Aveiro e Leiria.

Diante dos resultados, que deram ao CDS-PP 6,2% dos votos, a comissão diretiva do CDS-PP convocou uma reunião extraordinária do Conselho Nacional do partido para fazer uma avaliação dos resultados. O objetivo era eleger dois eurodeputados – Nuno Melo e Pedro Mota Soares – mas o partido acabou por ficar aquém do esperado. Com isto, pode ser o fim da linha para Pedro Mota Soares que não foi eleito eurodeputado nem está presente nas listas do partido para as legislativas.

“Seria difícil fazer pior do que Rio e Cristas nos últimos tempos, em particular durante a campanha, arrastando consigo as listas candidatas, insistindo na promiscuidade onde a inteligência impunha separação (…) Rangel, Melo e Mota Soares são essencialmente vitimas das circunstâncias, mas, para prejuízo dos respectivos partidos e dos próprios, ainda assim, também rostos de uma séria derrota”, afirma o democrata-cristão Raúl de Almeida.

Em reação aos resultados, o cabeça de lista do PSD, Paulo Rangel, reconheceu que o partido “não cumpriu o objetivo que fixou para si próprio”. “Cumpre reconhecer que o partido tinha fixado dois objetivos: ganhar as eleições e, se tal não fosse possível, subir o patamar conseguido em 2014 e eleger mais eurodeputados. A campanha para estas eleições foi difícil, tendo em conta a nacionalização excessiva e quase exclusiva por ação de António Costa”, defendeu.

Também Rui Rio veio dizer que “não vale a pena tapar o sol com a peneira” e que o PSD “não atingiu os objetivos pretendidos para estas eleições”. No entanto, garantiu que tem condições para continuar à frente do PSD e garantiu que o partido vai continuar a trabalhar para, em outubro, conseguir um resultado melhor do que o destas eleições.

“Fizemos uma campanha de uma forma tradicional, como se faz há muitos anos. Temos de ser capazes de arranjar novas formas de fazer campanha e fazer política. Devemos atuar diferente. Ser criativos nas campanhas e no dia a dia. Os partidos têm de ser capazes de dialogar por Portugal, fazer reformas que são necessárias no país”, afirmou o presidente do PSD, apontando esta como a nova estratégia política a seguir pelo partido para conseguir um melhor resultado nas eleições legislativas.

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