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PSD sofreu desaire eleitoral mas obteve mais votos do que em 2013

Os resultados do PSD em Lisboa e Porto foram historicamente baixos (11,23% e 10,39% dos votos), mas ao nível nacional conquistou mais 1.467 votos (de 1.575.257 para 1.576.724 no total) do que nas eleições autárquicas de 2013, traduzidos numa percentagem menor (de 31,53% para 30,46%) porque a abstenção diminuiu (de 47,4% para 45,03%). E perdeu oito presidências de câmaras municipais (de 106 para 98).
3 Outubro 2017, 02h22

A partir da análise dos resultados finais (e oficiais, divulgados pelo Ministério da Administração Interna), verifica-se que a dimensão da hecatombe eleitoral do PSD é mais reduzida do que parecia na madrugada de segunda-feira, quando ainda faltavam votos por apurar. Não há dúvida de que o PSD sofreu um grande desaire em Lisboa e Porto, com votações residuais (11,23% e 10,39%, respetivamente) que adquirem um maior significado político na comparação direta com o CDS-PP em Lisboa (Assunção Cristas obteve quase o dobro dos votos da candidata do PSD, Teresa Leal Coelho) e com o PS no Porto (Manuel Pizarro obteve quase o triplo dos votos do candidato do PSD, Álvaro Almeida). Em suma, duas grandes humilhações para o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, responsável pela escolha dos referidos candidatos às duas principais cidades do país. Mas no resto do território nacional, os números não são assim tão catastróficos.

A base de partida do PSD era muito baixa, após ter registado “um dos piores resultados de sempre” nas eleições autárquicas de 2013 (caiu de 139 para 106 presidências de câmaras municipais, perdendo a presidência da ANMP que mantinha desde 2001), como o próprio Passos Coelho admitiu na altura. Pelo que um resultado idêntico nas eleições autárquicas de 2017 não deixaria de corresponder a uma derrota pesada. Analisando com frieza os resultados finais, parece ter sido isso que aconteceu, precisamente. Embora a leitura nacional dos resultados seja ensombrada pelos desastres de Lisboa e Porto, numa vertente mais política do que aritmética.

Mas vamos aos números que apontam para um cenário menos dramático (em comparação com 2013) do que parecia na noite eleitoral, quando Passos Coelho voltou a reconhecer que se tratou de “um dos piores resultados de sempre” (tal como em 2013, a mesma expressão) e admitiu não se recandidatar à presidência do PSD. Números que estarão em cima da mesa da reunião de hoje do Conselho Nacional do PSD, enquanto a oposição interna (encabeçada por Rui Rio) já se prepara para disputar a liderança do partido.

Ao nível nacional, o PSD até conquistou mais 1.467 votos (passou de 1.575.257 para 1.576.724 no total) do que nas eleições autárquicas de 2013. O problema é que esses votos traduziram-se numa percentagem menor (de 31,53% para 30,46%), na medida em que a abstenção diminuiu (de 47,4% para 45,03%). Quanto a presidências de câmaras municipais, o PSD perdeu oito (de 106 para 98). Estes números incluem as coligações PSD/CDS-PP que em 2017 conquistaram 19 municípios (em 2013 tinham conquistado 20). Ora, se se tivessem coligado novamente em Lisboa, o cenário poderia ser hoje muito diferente (para ambos os partidos).

Relativamente às perdas do PSD, destacam-se Pedrógão Grande (para o PS), Oliveira do Bairro (CDS-PP), Oliveira de Azeméis (PS), Manteigas (PS), Portalegre (independente) e Lamego (PS). Em suma, a diferença entre 2013 e 2017 é diminuta, exceto em Lisboa e Porto. Contudo, a derrota do PSD torna-se mais dolorosa ao contrastar com a dimensão da vitória do PS que conquistou mais 11 presidências de câmaras municipais (passou de 150 para 161) e, ao nível nacional, obteve mais 187.192 votos (de 1.833.131 para 2.020.323) do que em 2013. Não é um bom prenúncio para as legislativas de 2019. Resta aguardar pela conclusão da “reflexão pessoal” de Passos Coelho.

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