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PSI-20 cai com pressão da crise energética nos mercados

Mercados de ações fecham em queda. A subida das yields de dívida soberana gerou pressão. Por cá nem a subida de mais de 3% do BCP e de quase 2% da Galp seguraram o PSI-20.
  • Trading screen financial data in red. Selective focus. Focus is appx central.
28 Setembro 2021, 17h45

A crise no setor energético está a atingir os mercados e o PSI-20 não escapou e caiu 1,13% para 5.388,36 pontos. Nem a subida de +3,38% do BCP (para 0,1498 euros) segurou o índice bolsista. A Galp também teve uma subida de +1,79% para 9,43 euros, contagiada pelo preço do petróleo que hoje tocou os 80 dólares, estando o Brent em Londres a cotar nesta altura nos 78,71 dólares o barril (-1,03%).

Dos 14 títulos que fecharam em queda, destacam-se os do sector das energias. A EDP Renováveis tombou -3,30% para 21,08 euros; A Greenvolt caiu -2,80% para 5,91 euros; a EDP recuou -1,57% para 4,58 euros; a REN perdeu -1,75% para 2,525 euros. Mas não foram as únicas ações com quedas expressivas.

A Jerónimo Martins recuou -3,23% para 17,05 euros; a Mota-Engil perdeu -2,02% para 1,359 euros; a Corticeira Amorim caiu -2,08% para 11,32 euros e a Altri fechou a cair -1,72% para 5,43 euros.

As bolsas europeias viveram um dia de correção expressiva, com o Euro Stoxx 50 a registar a pior sessão desde 19 de julho, ao recuar 2,56% para 4.058,82 pontos.

“Em Wall Street o ambiente era semelhante. Depois de um rally surpreendente de vários meses consecutivos de ganhos e que levaram alguns índices de ações de ambos os lados do Atlântico a novos máximos históricos, é natural que o atual movimento possa representar uma correção técnica, que mostra o apetite de alguns investidores pela realização de mais-valias, numa fase em que se aguarda pelo arranque da época de apresentação de contas do 3.ºtrimestre”, diz o analista Ramiro Loureiro, Analista de Mercados do Millennium investment banking.

“O setor tecnológico europeu perdeu quase 5% e isso acabou por se generalizar. Só o setor Energético conseguiu escapar às perdas e a portuguesa Galp Energia aproveitou, ajudando a atenuar a correção no PSI20, a par do BCP, que avançou mais de 3%”, refere o mesmo analista.

A subida das yields de dívida soberana gerou pressão, no dia em que Janet Yellen, Secretária do Tesouro norte-americano veio admitir que o teto de dívida nos EUA pode ser atingido a 18 de outubro, caso não sejam esgotados os meios necessários referindo-se possivelmente a um retirar ou teto ou ao aumento desse limite, defende o analista do BCP que acrescenta que a revelação de que o crescimento de lucros industriais na China abrandou em agosto foi outro dos pontos de pressão, tal como o corte das perspetivas do Goldman Sachs para a expansão da economia chinesa em 2021 (de 8,2% para 7,8%).

O FTSE 100 caiu 0,50% para 7.028,1 pontos; o CAC 40 recuou 2,17% para 6.506,5 pontos; o DAX perdeu 2,09% para 15.248,6 pontos; o FTSE MIB tombou 2,14% para 25.573.2 pontos e o IBEX também fechou com perdas de 2,59% para 8.769,4 pontos.

As preocupações económicas condicionaram os mercados de ações. Segundo Nuno Mello, analista da XTB, o aumento dos preços do gás natural, carvão e petróleo condicionam as perspetivas económicas. “Os preços do gás na Europa e na Ásia continuam extremamente elevados e a crise energética pode provocar reações nos mercados globais”.

“O preço mais elevado da energia contribuiu para um aumento na inflação (não temporária, como indicado pelos bancos centrais)”, refere a análise da XTB.

O analista diz que o aumento da procura na Europa e na Ásia causará um aumento do défice noutros mercados.

“A grande parte das economias têm iniciado a transição para uma maior utilização das energias renováveis, contudo, algumas das matérias-primas têm valorizado fortemente ao longo dos últimos tempos, devido à recuperação da procura e à oferta limitada de muitas commodities. No entanto, o aumento dos preços da energia está a provocar uma subida das yields das obrigações. Este é o efeito da expectativa de uma inflação mais elevada associada ao aumento constante dos preços”, refere Nuno Mello da XTB.

A nível macroeconómico destaque para o valor preliminar do índice medido pelo GfK até ter apontado que a confiança dos consumidores na Alemanha deverá melhorar em outubro.

O barómetro do emprego na Alemanha do Ifo melhorou em setembro.

Hoje também, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, reiterou que o aumento da inflação na zona euro é temporário, devido à pandemia, defendendo que a política monetária não deve reagir “de forma exagerada” a esta subida.

O euro recua 0,10% para 1,1683 dólares.

Mantém-se a subida das yields das obrigações. Na Alemanha, a dívida a 10 anos subiu 2,34 pontos base para -0,20%; ao passo que a dívida portuguesa agrava 2,66 pontos base para 0,34%; a dívida espanhola sobe 3,14 pontos base para 0,44% e a italiana dispara 6,04 pontos base para 0,85%.

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