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Publicidade, aqui não

Mas há algo muito deprimente em ficar parado a observar e remar na direção do inconveniente por comodismo. O que faz mexer o mundo é a alegria, a paixão e a ação gerada pela energia positiva. Não é uma penitência reduzir o lixo. Trata-se apenas de começar a viver de forma mais consciente. E como qualquer início exige treino, o trabalho pode ser feito por etapas.
4 Maio 2018, 07h15

Bastaram alguns segundos de distração ao sair e o saco de compras ficou esquecido em casa. No supermercado, a falta de cuidado significa: mais lixo. São os pepinos frescos individualmente embalados em película; os cereais num plástico dentro de uma caixa; uma cubeta descartável com cogumelos. Não é fácil lutar contra o que era visto como atrativo do ponto de vista comercial para um público desatento e pouco crítico.

As nossas agendas cheias são uma desculpa para não ter que parar e de nos auto questionar. Entretanto, 260 000 000 toneladas de novo plástico são produzidas anualmente. Metade do mesmo, é deitado fora. A reciclagem pode parecer a grande solução mas apenas é um mal menor. São precisos químicos e energias para transformar o velho em novo. E o velho, por vezes, é velho? Ou mal foi usado e logo, descartado? Precisamos é de reduzir o desperdício escandaloso causado pelo consumismo descomunal.

Com entusiasmo, vemos nascer uma tendência crescente. Há cada vez mais corajosos a implementar medidas como forma de reduzir a produção do lixo. Introduzem pequenas alterações na vida quotidiana e comparam os resultados mensalmente. Também poupam!

Estes heróis da nova era não mais são que pessoas comuns, que se recusem a ficar de braços cruzados, olhando deprimidamente para imagens pré apocalípticas de enormes superfícies de plástico a flutuar no oceano. Sabem que de pouco vale chorar por terem assistido a um documentário de tartarugas mortas, asfixiadas por terem confundido plástico com alimento. Até podemos continuar a viver com receio por provavelmente consumirmos micropartículas de plástico. Sim, parecem entrar na nossas cadeia alimentar, acumulando químicos no nosso organismo.

Mas há algo muito deprimente em ficar parado a observar e remar na direção do inconveniente por comodismo. O que faz mexer o mundo é a alegria, a paixão e a ação gerada pela energia positiva. Não é uma penitência reduzir o lixo. Trata-se apenas de começar a viver de forma mais consciente. E como qualquer início exige treino, o trabalho pode ser feito por etapas. Podemos escrever o que é condenável, com uma solução ao lado. Ou planear, uma mudança gradual. É um ótimo tema de conversa, que puxe pela nossa imaginação. Recusar os descartáveis, como palhinhas, ou talheres de plástico. Preferir os sabonetes em barra. Usar toalhinhas, lenços e guardanapos de tecidos
naturais. Colar um autocolante “Publicidade, aqui não” na sua caixa do correio. Sair de casa, com sacos de pano para fazer as suas compras de pão e frescos; com frascos, para buscar leguminosas a retalho; o chá e o café onde não são embalados. Congelar a comida em recipientes de vidro. Fazer a própria compota e reutilizar vidros. Todas são pequenas ações que podemos colocar em prática, se quisermos.

E quanto mais pensarmos no bem que estamos a realizar, mais longe levar-nos-á a inspiração. Obrigada por ajudar a
preservar o que ainda não perdemos.

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