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QE: Manter investidores na expetativa esteve nas opções do BCE

Na última reunião de política monetária, o banco central prolongou os estímulos até setembro de 2018, mas garantiu que pode fazer novas alterações caso seja necessário. As minutas mostram que a decisão não foi consensual.
23 Novembro 2017, 16h42

Os responsáveis de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) debateram na última reunião se deixavam ou não em aberto a possibilidade de aumentar ou não o programa de compra de ativos. A discussão foi conhecida esta quinta-feira com a divulgação das minutas da reunião do Conselho de Governadores, no final da qual foram anunciadas as mudanças para 2018.

A 26 de outubro, a instituição liderada por Mario Draghi anunciou que vai prolongar o programa de compra de ativos até setembro de 2018 e reduzir o valor mensal de aquisições para 30 mil milhões a partir de janeiro. Garantiu ainda que caso o outlook ou as condições financeiras se tornem menos favorável, o Conselho de Governadores está preparado para aumentar o programa em tamanho e/ou duração.

A decisão de dar esta garantia aos mercados não foi, no entanto, consensual. “Foram expressas algumas preocupações de que a natureza abertura do fim do APP [Asset Purchase Program] possa gerar expetativas de mais extensões à medida que se aproxime a data do fim do programa”, explicam as minutas. Em contrapartida, acabaram por decidir manter a declaração assim já que permite ao BCE melhor “responder a contingências adversas, se necessário”.

Os Governadores notaram a robustez do crescimento económico na zona euro, mas sublinharam que mesmo assim “as expetativas devem ser geridas cuidadosamente, dependendo de progressos com um ajustamento sustentável no caminho da inflação”.

A data de setembro do próximo ano foi apresentada pelo economista-chefe Peter Praet, responsável pelo desenho da estratégia monetária do BCE, e aceite pelos governadores. “No que diz respeito ao horizonte das aquisições, os membros aceitaram genericamente a proposta de extensão por nove meses”, sendo que o prazo foi visto como “suficientemente longo para assegurar um estímulo mais duradouro, que suporte uma subida gradual da inflação”.

Os responsáveis de política monetária notaram ainda que o ambiente económico e financeiro mais favorável tornou os investidores mais pacientes e levou-os a descontar de forma menos intensa futuras compras, o que dá apoio à eficácia do plano de aquisições a um ritmo mais ligeiro por mais tempo.

“Foi expressada necessidade de cautela sobre um horizonte temporal demasiado longo, o que pode ser percecionado indevidamente como uma limitação da flexibilidade do Conselho de Governadores para responder de forma apropriada à evolução dos dados”, acrescentaram as minutas.

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