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As frases que marcaram o dia em que OE2022 foi chumbado

Além da queda da versão preliminar do Orçamento do Estado, o grande destaque do último dia de debate e votação na generalidade, algumas declarações de deputados e lideres partidários também marcaram a quarta-feira, 27 de outubro.
  • EPA/MIGUEL A. LOPES
28 Outubro 2021, 07h45

Depois do debate e votação o Orçamento do Estado (OE) para 2022 foi chumbado na generalidade e agora a decisão está nas mãos do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Além da queda da versão preliminar do Orçamento do Estado, o grande destaque do último dia de debate e votação na generalidade, algumas declarações de deputados e lideres partidários também marcaram a quarta-feira, 27 de outubro.

O Orçamento cai, mas PS defende existirem “condições de governabilidade”

O último dia de debate e votação na generalidade teve como resultado o chumbo de um Orçamento que tinha sido preparado pelo Partido Socialista (PS), que apesar de governar dependia de outros partidos para viabilizar o documento.

Tendo o Orçamento ‘caído’ existe a possibilidade de existirem eleições, mas António Costa, primeiro-ministro e secretário-geral do PS, garantiu que o seu Executivo continuará pronto para “garantir condições de governabilidade, mesmo em duodécimos, porque nunca viramos as costas às dificuldades”. Noutra intervenção durante o debate Costa assegurou ainda que: “Enquanto houver ventos e mar, a gente não vai parar”, em referência a versos de Jorge Palma, que por diversas vezes foi citado ao longo do debate.

Relativamente ao chumbo do Orçamento Costa lançou ainda uma teoria: “A madrugada de 22 de junho foi o dia em que muitos aqui à volta decidiram que era hora de mandar abaixo este Governo”.

Por sua vez, a líder parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes referiu, nas sua última intervenção no Parlamento, que: “Podem chumbar o Orçamento, mas não derrubam o PS”. Depois do discurso, à saída da Assembleia da República, lamentou que a versão do OE apresentada pelo Governo tivesse “sido chumbada”.  “Agora entramos numa nova fase”, afirmou. De recordar que o PS foi o único partido a votar a favor do OE2022 na generalidade.

PSD defende que país vive período de “instabilidade política”

À direita, o presidente do Partido Social Democrata (PSD), Rui Rio considerou que “o primeiro-ministro devia ter-se demitido”, em declarações aos jornalistas depois de o OE ter sido chumbado. “Ficamos numa situação de ingovernabilidade seja do ponto de vista político, seja orçamental”, sublinhou.

Noutra intervenção, o social democrata defendeu que o país está a viver um período de ” instabilidade política e a maioria parlamentar que havia já não existe”. Nessa ocasião Rio aproveitou para recordar que tinha alertado para a queda da ‘geringonça’. “Eu avisei e ninguém quis ouvir”, destacou Rio. Para o líder do PSD “foi preferível o Orçamento reprovar do que entrar em vigor”. Sobre a ‘queda’ do Orçamento Rui Rio disse ainda que “foi fácil prever que o que estava a acontecer era diferente dos outros anos”.

De olhos postos no futuro, na eventualidade de existirem eleições, Rio deixou ainda um recado aos partidos de esquerda: “O resultado das autárquicas foi favorável ao PSD e altamente desfavorável ao Bloco e PCP.  disse Rui Rio, cujo partido votou contra o OE2022 na generalidade.

BE diz que a “geringonça foi morta pela obsessão pela maioria absoluta”

A palavra geringonça foi uma das mais proferidas na noite e tendo feito parte da união à esquerda a coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins recordou que: “Foi assim que fizemos a geringonça, fizemos um contrato para quatro anos, um acordo escrito, que o primeiro-ministro dispensou nesta legislatura”.

Para o BE, que votou contra o OE 2022 na generalidade, o Governo deixou de negociar com o partido e Catarina Martins apontou que “a geringonça foi morta pela obsessão pela maioria absoluta, pela recusa das finanças de dar ao SNS [Serviço Nacional de Saúde] carreiras profissionais, condições de contratação e investimentos planeados, pela intransigência que mantém a troika nas leis laborais”.

Quanto ao que poderá suceder, sendo que o Orçamento foi rejeitado e podem existir eleições antecipadas, Catarina Martins afirmou que “o Bloco de Esquerda foi sempre uma solução, defendeu soluções, está pronto para soluções e sabe que elas fazem o seu caminho”.

PCP rejeita “guião de passa culpas”

Durante o seu discurso final no Parlamento, na quarta-feira, o líder parlamentar do Partido Comunista, João Oliveira, afirmou que o partido recusava “um guião de passa culpas” quando falava sobre a versão preliminar do Orçamento do Estado para 2022. O comunista considerou que “em nenhuma matéria houve, da parte do PCP, intransigência, inflexibilidade ou recusa de discussão”.

Apesar de o partido recusar “um guião de passa culpas”, João Oliveira também defendeu que “não estava nas mãos” do partido “dar a resposta que só o Governo podia dar”. “Esteve nas mãos do Governo, ainda nos últimos dias, dar a resposta que faltava para que se pudesse prosseguir a discussão sobre o conjunto das decisões a tomar”, sublinhou

“Continuaremos a colocar na primeira linha de prioridade a política alternativa que defendemos com as soluções concretas que a concretizam”, acrescentou ainda o comunista.

CDS acreditava que seria “inevitável” que OE2022 fosse chumbado

Para os centrista “era inevitável” que o Orçamento fosse chumbado, conforme explicou aos jornalistas o líder parlamentar do partido. Telmo Correia também acredita que os resultados “das autárquicas podem ser transpostos” para as novas eleições, que o Presidente da República poderá marcar, sendo que o país ainda está “com a ressaca das autárquicas”.

As declarações aos jornalistas vieram de Telmo Correia, mas o discurso final antes da votação foi feito pela deputada Cecília Meireles referiu que “Portugal agora precisava de tudo menos de uma crise política. E é lamentável que tenham que ser os portugueses a colher a tempestade semeada pelos ventos do oportunismo da geringonça”.

A deputada do CDS considerou ainda, durante a sua intervenção, que “quando as coisas se tornam difíceis, ou quando há sinais de viragem numas autárquicas, rapidamente cada um vai para seu lado, com mais preocupações eleitorais do que vestígios de sentido de Estado”.

PAN acha que faltou “bom senso” no debate sobre Orçamento do Estado

“O bom senso não entrou em algum momento neste debate. O PAN apresentou-se com uma postura de responsabilidade e dialogo porque o país precisa de respostas”, disse Inês de Sousa Real, a porta-voz do partido Pessoas Animais Natureza (PAN).

Depois de o Orçamento ter sido oficialmente chumbado na generalidade, Inês de Sousa Real revelou que a preocupação do partido, que absteve-se na votação na generalidade, é perceber qual a solução de Marcelo e não “a futura solução político-partidária”. A representante do PAN sinalizou que existem “outras opções a ser esgotadas” e ainda que o partido preferia explorar outras alternativas do que ter “um país gerido em duodécimos”.

Depois de rejeição do OE PEV quer “que o problema seja resolvido”

Do lado do partido ecologista Os Verdes (PEV) que votou contra o Orçamento do Estado, o deputado José Luís Ferreira frisou que o partido apenas quer “que o problema seja resolvido, não dependendo de nós a resolução do problema”, quando comentava com os jornalistas quais as possibilidades que se seguiam posto a rejeição do OE2022 na generalidade.

Na eventualidade de existirem eleições antecipadas José Luís Ferreira assegurou que o partido avança “com toda a confiança”.

IL prevê que PS se vá “vitimizar” se existirem eleições

A Iniciativa Liberal, outro dos partidos a votar contra na generalidade, pouco se debateu, na quarta-feira, sobre o Orçamentou do Estado e numa das poucas intervenções ontem feitas no Parlamento o líder liberal, João Cotrim Figueiredo considerou que continuar o debate sobre o Orçamento que foi apresentado pelo executivo de Costa era como “tentar comprar um bilhete para um espetáculo” que já tinha saído “de cena”.

Posto o chumbo do documento, 0 líder liberal prevê ainda que no caso de existirem eleições o Partido Socialista (PS) vai “vitimizar-se e pedir maioria absoluta”. No entanto, para a Iniciativa Liberal o PS “já demonstrou que não vai conseguir governar com a esquerda parlamentar, já escolheu não governar com a direita parlamentar”.

Chega sublinha “fim da geringonça” 

À saída da Assembleia da República, o deputado único do Chega, que votou contra o OE2022, afirmou que “aquilo que os portugueses viram hoje foi o fim da geringonça”. Para André Ventura o “Governo não” ter “dialogado à direita” a par com o “diálogo à esquerda” ter morrido fez com que o Orçamento não fosse aprovado.

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