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Quais são os desafios imediatos do Sporting CP? “Confiança dos seus jogadores e situações judiciais”

O Jornal Económico falou com Luís Cristóvão, analista de futebol e autor do podcast “Linha Lateral”, sobre o atual momento do clube de Alvalade. “É um clube que passa uma imagem de alguma desorganização”, adianta.
  • Rafael Marchante/Reuters
18 Maio 2018, 16h08

O presidente do Sporting Clube de Portugal não apresentou demissão na conferência de quinta-feira à noite, mas os acontecimentos desta semana indicam que Bruno de Carvalho parece não fazer parte da solução na gestão do clube. O “Jornal Económico” falou com Luís Cristóvão, analista de futebol e autor do podcast “Linha Lateral”, sobre o atual momento do clube de Alvalade. “É um clube que passa uma imagem de alguma desorganização”, adianta.

Como analisa a atual situação do Sporting? A sustentabilidade e o projeto desportivo do Sporting está em causa?
É uma situação complicada, com os objetivos principais do clube, ao nível desportivo (título ou lugar na Champions) a serem falhados. A atual direção também está em dificuldades, tendo em conta os acontecimentos das últimas semanas.

Uma vitória na Taça de Portugal, com o jogo a concretizar-se, pode melhorar a situação do clube?
Por um lado, há a Taça de Portugal para jogar, ainda que, depois do que aconteceu e praticamente sem treinos, seja difícil de antever a forma como a equipa chegará a esse jogo. Os jogadores assumiram o compromisso de jogar e não tenho dúvidas que Jorge Jesus irá a jogo para ganhar.

O que acha que pode acontecer nos próximos dias, sobretudo a partir de segunda-feira?
Aquilo que irá acontecer a partir de segunda-feira ultrapassa o foro desportivo. A grande questão será perceber o tipo de iniciativas que os jogadores irão tomar.

Com a ameaça de rescisão de vários jogadores e um caso de corrupção desportiva em investigação, vários compromissos financeiros com fornecedores e patrocinadores parecem estar em causa. A hipótese de colapso do clube pode ser uma possibilidade?
Creio que é demasiado cedo para falar desses cenários. Primeiro, haverá que confirmar quais [se algum] jogador apresentará rescisão. Depois, o caso judicial em curso, fragilizando a direção, não a impede de concretizar os seus compromissos.

Como fica a imagem do Sporting perante o mundo do futebol?
Degradada, sem dúvida. É um clube que passa uma imagem de alguma desorganização, que não defende a segurança dos seus jogadores. Isso prejudicará a possibilidade de garantir reforços de perfil alto num futuro próximo.

NOS e Altice já se pronunciaram sobre o que está a acontecer no clube. Antevê que mais patrocinadores possam pronunciar-se ou retirar apoios ao clube?
A NOS é um patrocinador do clube, achou por bem pronunciar-se sobre os acontecimentos, mas não colocou em causa os apoios ao clube. Creio que isso poderá ser exemplo para outros patrocinadores. No caso da Altice, não sendo um patrocinador direto, toma uma posição perante o mercado, mas não afeta diretamente o Sporting.

Na eventual saída de vários jogadores importantes do plantel por rescisão, em que condições o Sporting pode preparar a próxima época?
Não coloco essa hipótese. Creio que haverá a saída de alguns jogadores, alguns deles em situações que já vinham sido equilatadas. Poderá haver uma desvalorização de mercado, tendo em conta a situação. Mas acredito que o Sporting, após considerar que treinador e que jogadores farão parte do plantel, terá todas as condições para preparar a próxima época num clima de normalidade.

Considerando que a saída de Bruno de Carvalho é inevitável, que desafios enfrenta o novo presidente do clube?
Para já, a atual direção pediu a realização de uma assembleia geral. A posição de Bruno de Carvalho fragilizou-se, mas nada é inevitável. Os desafios imediatos do Sporting são garantir a confiança dos seus jogadores, clarificar quem fará parte do projeto desportivo na próxima temporada e clarificar as situações judiciais que afetam o clube.

 

 

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