No início foi a Realidade Virtual. Surgiu nos anos 60/70, mas foi no princípio dos anos 90 que se popularizou o conceito, fazendo-nos crer que seria fácil encarnar personagens e viver situações da esfera da ficção científica. Na mesma altura chegou a Realidade Aumentada, mas sendo menos fantástica do ponto de vista do utilizador, não teve a mesma projecção mediática.

Fala-se agora também de Realidade Misturada, quando se combinam elementos do mundo real e do mundo virtual, e em Realidade Expandida, quando a experiência vai para além de todas estas realidades, num continuum tecnológico ainda mais imersivo.

Obviamente que estou a falar destes assuntos porque, a par da Inteligência Artificial, em termos de Media estas realidades parecem ser “the next big thing”. Na sua génese, tratam-se de experiências imersivas, envolventes e interativas, tudo aquilo que qualquer marketeer pretende proporcionar aos seus consumidores. Se estivermos a falar de vendas online, ainda faz mais sentido, pois muitos dos problemas práticos e das barreiras a este tipo de comércio estariam resolvidos e, a partir daí, o céu seria o limite.

Algumas marca, tais como o IKEA e a Wayfair (empresa online de Decoração), estão a utilizar Realidade Aumentada na sua relação com os consumidores, através de apps que permitem que os utilizadores tenham uma ideia de qual será o aspecto final da introdução de um móvel na realidade das suas próprias casas, inserido na actual decoração. No que respeita ao vestuário também já existem algumas incursões em que, através da criação de uma imagem 3D do nosso corpo, se pode experimentar qualquer peça de roupa e ver como é que virtualmente nos veste e, antes de tomar a decisão, partilhar com amigos para recolher opiniões.

Claro que são os smartphones, com toda a sua tecnologia, que permitem e lideram esta evolução. Ainda existem alguns entraves, mas há a expectativa que seja por pouco tempo (fala-se em dois anos).

Não podemos no entanto presumir que o sucesso destes novos formatos enquanto suportes de publicidade, se poderá resumir à tecnologia. É necessário ter em conta que os consumidores interagem fundamentalmente com conteúdos e que a publicidade é tanto mais eficaz quanto mais relevantes forem esses conteúdos. Assim, também neste caso há que encontrar a forma certa para captar e manter a audiência.

Nunca é fácil fazer previsões, mas é fácil perceber o interesse da publicidade em apropriar-se das potencialidades aliadas a estas tecnologias. Ainda para mais num momento em que tanto se questiona a diminuição da importância da sua “rainha”, a televisão, tornando-se necessário encontrar alternativas para ir ao encontro das audiências e ser tão impactante como esta o foi durante as suas décadas de ouro. Estas novas realidades não serão a sua sucessora, mas poderão vir a ser um complemento muito eficaz.

A autora escreve de acordo com a antiga ortografia.