[weglot_switcher]

Quatro maiores empresas concentram mais de metade da faturação em 41 concelhos portugueses

Campo Maior e Vila Velha de Ródão, “lares” da Delta Cafés e da Celtejo, são os concelhos portugueses com maior concentração em todos os indicadores, mas a Pordata assinala que está a aumentar o número de municípios mais vulneráveis ao desempenho económico das suas principais empresas.
  • Cristina Bernardo
27 Junho 2019, 07h44

Há 41 concelhos portugueses em que as quatro maiores empresas representaram mais de metade do total de volume de negócios em 2017, verificando-se o mesmo no que toca ao valor acrescentado bruto em 26 municípios e havendo até dois em que oferecem metade ou mais do total dos postos de trabalho de todas as empresas desses concelhos. Esses dados do Instituto Nacional de Estatística, divulgados pela Pordata para assinalar o Dia Mundial das Micro, Pequenas e Médias Empresas, mostram que a concentração está a aumentar nesses indicadores, em contraste com os dados a nível nacional.

Enquanto as quatro maiores empresas de Portugal concentravam em 2017 apenas cinco por cento do volume de negócios, quatro por cento do valor acrescentado bruto e dois por cento do pessoal ao serviço na globalidade do país, ao nível local verificam-se muitos casos de extrema dependência em relação às empresas de maior dimensão. A unidade de estudos estatísticos e sociais da Fundação Francisco Manuel dos Santos alerta para que esses concelhos ficam “mais vulneráveis ao comportamento económico delas”.

Os dois concelhos em que mais de metade dos postos de trabalho garantidos pelo setor empresarial se referem às quatro principais empresas são Campo Maior, dominado pela Delta Cafés, com 54,4 por cento (contra 41,0 por cento em 2009) e Vila Velha de Ródão, onde se encontra a fábrica de celulose da Celtejo, com precisamente 50 por cento (36,7 por cento em 2009).

Mais ampla é a lista dos municípios em que mais de metade do valor acrescentado bruto no setor empresarial depende das quatro maiores empresas. Campo Maior e Vila Velha de Ródão também surgem entre as 26, sendo acompanhadas por Sines, Aljustrel, Barrancos, Castro Verde (que lidera neste indicador, com 92,5 por cento) ou Abrantes, ou – mais a norte – Constância, Penamacor e Melgaço, bem como a Calheta, na região autónoma da Madeira.

Já entre os 41 concelhos em que as quatro maiores empresas representam mais de metade do volume de negócios do setor empresarial é Vila Velha de Ródão aquele que está mais dependente, com 90,8 por cento do total, mas nessa lista também aparecem municípios da Área Metropolitana de Lisboa, como Alcochete e Palmela, e uma capital de distrito (Bragança), além de cidades como Mangualde, Abrantes e Sines. E a presença de autarquias das regiões autónomas aumenta, pois além da madeirense Calheta surgem as açorianas Vila Franca do Campo, Velas e Lajes das Flores.

Do ponto de vista regional a concentração do volume de negócios entre as quatro maiores empresas é maior na Região Autónoma dos Açores (12,5 por cento), Região Autónoma da Madeira (11,5 por cento), Alentejo (11 por cento) e Área Metropolitana de Lisboa (10,3 por cento) do que no resto de Portugal, mas a Pordata assinala que aumentou em todas as regiões tirando o Norte entre 2009 e 2017. E, olhando para as subregiões NUTS III, destacam-se as Terras de Trás-os-Montes (38,7 por cento), Alentejo Litoral (33,7 por cento), Beira Baixa (28,1 por cento), Alto Alentejo (23,6 por cento) e Médio Tejo (23,1 por cento).

O mesmo cenário repete-se no valor acrescentado bruto: a Região Autónoma da Madeira vai à frente, com 13,2 por cento, seguindo-se a Região Autónoma dos Açores (12,3 por cento), Alentejo (11,6 por cento) e Área Metropolitana de Lisboa (9,2 por cento). A nível de NUTS III é, no entanto, o Alentejo a fazer o pleno no topo: Baixo Alentejo (40,5 por cento), Alentejo Litoral (35,8 por cento) e Alto Alentejo (27,1 por cento).

Já na concentração de pessoas ao serviço, ainda que a Região Autónoma dos Açores apareça no primeiro lugar, com 5,2 por cento, tem a Área Metropolitana de Lisboa logo atrás, com 4,8 por cento, à frente da Região Autónoma da Madeira (4,6 por cento), destacando-se novamente, entre as subregiões NUTS III, o Alto Alentejo (8,6 por cento), o Alentejo Central (7,5 por cento), o Alentejo Litoral (7,0 por cento) e o Baixo Alentejo (6,5 por cento).

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.