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Credit Suisse: Queda bolsista de 2020 foi a mais rápida a ser recuperada, mas a volatilidade prolonga-se

O relatório anual da Credit Suisse sobre o comportamento dos mercados bolsistas mundiais desde 1900 revela que cada “crash” das bolsas tem sido recuperado mais rapidamente do que o anterior, culminando nos meros seis meses de recuperação após a chegada da Covid-19. Quanto à volatilidade, a conclusão é bem diferente.
  • Justin Lane/EPA via Lusa
4 Março 2021, 16h45

As quedas bolsistas têm exibido progressivamente um menor tempo de recuperação em termos de rendimento desde 1900, um resultado que não encontra equivalente quando a análise recai sobre a volatilidade dos títulos. Esta foi uma das conclusões mencionadas na apresentação da edição de 2020 do relatório anual do Credit Suisse sobre retornos globais de investimento.

Comparando a evolução dos mercados nas sessões que seguiram quedas assinaláveis nos últimos 120 anos, o Credit Suisse constata que o regresso dos mercados à posição onde se encontravam antes do choque negativo tem vindo a descer consistentemente, sendo a crise da Covid-19 a que demonstrou uma recuperação mais rápida.

Enquanto que a Quinta-Feira Negra de 1929 obrigou a uma recuperação de 15 anos e meio, o retorno real dos títulos e índices em 2020 regressou aos níveis pré-pandémicos após uns meros seis meses, destacam os economistas responsáveis pelo relatório, Paul Marsh, da London Business School, e Elroy Dimson, da Universidade de Cambridge.

Nos 90 anos que separam estes dois acontecimentos marcantes para os mercados financeiros, a crise petrolífera da década de 70 foi ultrapassada em 10,3 anos, o rebentar da bolha “dotcom” da passagem de milénio demorou 7,5 anos a ser revertida e a crise global financeira afetou o retorno nos mercados durante 5,3 anos.

Por outro lado, a crise da Covid foi também a que gerou quedas mais abruptas, com os índices a registarem menos 35% de retorno real dos seus títulos após menos de um mês. Em comparação, a queda bolsista de 1929 levou a quedas que se prolongaram por mais de dois anos, levando a quebras no retorno real de 79% antes da recuperação se iniciar.

“Este resultado parece indicar que as respostas a estes choques têm vindo a melhorar desde 1929, quando, convenhamos, a resposta dada foi muito insuficiente”, argumentou Paul Marsh.

Ainda assim, do lado da volatilidade este resultado não se verifica, com os 220 dias desde o crash causado pela Covid-19 a registarem apenas 97% da volatilidade revertida. Maior intervalo só no caso da crise financeira, com estes choques negativos a terem uma influência de 88 dias, em média, na volatilidade dos índices desde 1986 até aos dias de hoje.

É também de assinalar a trajetória dos retornos de ações e obrigações desde a segunda metade do século XX até aos dias de hoje.

Conforme denota o relatório, o padrão de rendimento tem-se alterado substancialmente: enquanto que os mercados experienciaram retornos reais de cerca de 7,1% nas ações face a 3,6% nas obrigações no período iniciado na década de 50 até aos dias de hoje, estes valores passam para 5% e 5,8%, respetivamente, quando examinando o intervalo começado nos anos 90 até hoje.

Já os investidores que entrem no mercado atualmente enfrentam rentabilidades significativamente mais baixas, com 3% para as ações e -0,5% nas obrigações, um resultado que contrasta profundamente com a tendência de maiores ganhos obrigacionistas do que acionistas nas últimas décadas.

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