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Queda de 6% da Mota-Engil e perdas do BCP arrasam bolsa nacional

“A queda da bolsa de Nova Iorque contagiou a Ásia e a Europa, com destaque para as perdas do índice tecnológico Nasdaq”, explica o gestor do BiG, Steven Santos.
  • Paulo Whitaker/Reuters
28 Março 2018, 13h01

A bolsa portuguesa negoceia esta quarta-feira, dia 27 de março, com tendência negativa, a meio da sessão, em linha com as praças europeias. O principal índice português, PSI 20, perde 1,02%, para 5.320,21 pontos, pressionado pelas desvalorizações da Mota-Engil e do BCP.

A Mota-Engil é a cotada que mais deprecia, estando a registar uma queda de 6,18% para 3,265 euros. Steven Santos, gestor do BiG, explica que “a cotada está a ser penalizada pela queda das matérias-primas”. A empresa liderada por Gonçalo Moura Martins está ainda pelas previsões de resultados relativos a 2017 menos positivos do que no ano anterior.

Os analistas do Caixa BI estimam que a empresa tenha encerrado 2017 com um prejuízo de 6,8 milhões de euros. A empresa de construção perde 1,84% para 3,460 euros, depois de já ter reportado uma quebra acentuada dos seus resultados no primeiro semestre do ano. Os resultados oficiais serão dados a conhecer à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) no próximo dia 6 de abril.

No ‘vermelho’ está também o BCP, que cai 2,50% para 0,269 euros. Steven Santos diz que a queda dos títulos do banco liderado por Nuno Amado são “normais”, tendo em conta que “quando há um maior fluxo de aversão ao risco, o setor da banca tende a ser sempre mais penalizado”. O gestor do BiG nota ainda que o banco emitiu um comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), onde dá conta de que a empresa chinesa Fosun aumentou a sua participação no BCP, de 25% para 27%.

No setor do retalho, a Jerónimo Martins perde 0,53% para 14,450 euros e a Sonae desvaloriza 2,33% para 1,090 euros. Steven Santos nota que esta última cotada está “tradicionalemente muito correlacionada com o índice em geral e tende a acompanhar a sua tendência”.

Já a Galp Energia cai 1,21% para 15,085 euros, numa altura em que o petróleo segue a negociar em baixa. O Brent recua 0,37% para os 69,20 dólares por barril e o crude WTI desvaloriza 0,60% para os 64,86 dólares. Steven Santos nota que os inventários semanais da American Petroleum Institute (API) registaram na semana passada uma subida de 5,3 milhões de barris para 430,6 milhões, o que contrariou as expectativas dos analista que previam uma queda de 287.000 barris.

Em sentido negativo estão também a NOS (-1,31%), a Semapa (-1,60%), a Corticeira Amorim (-1,35%), os CTT (-0,96%), a Navigator (-1,98%), a Altri (-1,29%) e a Sonae Capital (-0,64%).

Em contraciclo estão a EDP (0,40%), a EDP Renováveis (0,52%), a Pharol (1,54%) e a REN (0,65%). Steven Santos indica que os investidores tendem a procurar títulos mais defensivos e maduros, considerados “mais conservadores”, para fugir ao risco. É o caso da EDP e da REN, vistos como “ativos de refúgio”. Já no caso da Pharol, a empresa está a beneficiar da decisão judicial da 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, que aprovou o aumento de capital da brasileira Oi, da qual a Pharol é a principal acionista.

As restantes praças europeias predominantemente negativas. O índice alemão DAX perde 0,41%, o britânico FTSE 100 desvaloriza 0,07%, o francês CAC 40 cai 0,57%, o espanhol IBEX 35 deprecia 0,08%, o holandês AEX recua 0,27% e o italiano FTSE MIB resvala 0,03%.

“A queda da bolsa de Nova Iorque contagiou a Ásia e a Europa, com destaque para as perdas do índice tecnológico Nasdaq”, explica o gestor do BiG. “As tecnológicas foram das empresas que registaram mais ganhos no ano passado e vários investidores vieram a apostar neste setor”, acrescenta.

Steven Santos destaca as perdas da Tesla, que foi ontem uma das empresas que registou um grande sell off, depois de um dos SUV elétricos Model X ter embatido numa barreira numa autopista da Califórnia. O motorista do veículo morreu e o veículo foi destruído pelo fogo. O acidente aconteceu uma semana depois de um dos veículos autónomos da Uber ter atropelado mortalmente uma pessoa, nos Estados Unidos. Em sequência disso, a gigante japonesa Toyota decidiu suspender os testes de condução autónoma no país.

O gestor do BiG nota ainda que “o Facebook veio abrir a caixa de Pandora, no que toca à privacidade dos dados dos utilizadores, com o caso Cambridge Analytica e a venda de dados pessoais”. A questão pode obrigar a uma maior regulamentação do setor technológico. “As perdas do Facebook acabaram por arrastar uma série de congéneres”, nota Steven Santos.

O Twitter foi outra das cotada que registou maiores perdas, depois de ter sido considerada uma das redes sociais mais vulneráveis à regulamentação de privacidade pelos analistas da Citron Research.

No mercado cambial, o euro valoriza 0,03%, para 1,240 dólares e a libra cai 0,03%, para 1,415dólares.

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