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Queda em bolsa da Coca-Cola. “Gesto de Ronaldo não teve nenhuma repercussão”, explica analista (com áudio)

Marca de refrigerantes desvalorizou quatro mil milhões de dólares na sessão de segunda-feira, quando o capitão português afastou as garrafas na conferência de imprensa. Analista de mercados explica o que está em causa.
  • HUGO DELGADO/LUSA
16 Junho 2021, 11h33

Afinal o gesto de Cristiano Ronaldo ao retirar as garrafas de Coca-Cola na conferência de imprensa da passada segunda-feira, antes do encontro com a Hungria não foi responsável pela perda de quatro mil milhões de dólares da marca de refrigerantes em bolsa.

Esta possibilidade é rejeitada por um analista de mercados que destaca que houve outra causa na origem da desvalorização da empresa em Wall Street.

“A queda aconteceu devido ao ajuste da distribuição do dividendo de 0,42 dólares [por ação]. As declarações do Ronaldo foram às 14h43 e a essa hora já o título tinha feito esse ajuste do dividendo. O título até recuperou no final da sessão. Não há nenhuma relação de que o gesto do Ronaldo na conferência de imprensa tivesse algum tipo de repercussão”, explica ao Jornal Económico, o presidente e analista da IMF, Filipe Garcia.

O atleta português é conhecido por seguir uma dieta regrada e por ter muito cuidado com a sua alimentação. O craque da Juventus já disse mesmo que não gosta que o seu filho mais velho beba refrigerantes e consuma batatas fritas.

No entanto, o analista considera que este foi um assunto comentado e que pode levantar algumas questões, até porque a Coca-Cola viu-se na necessidade de se explicar ao mercado, mas rejeita uma influência direta na queda. “Agora, saltar para a influência do Ronaldo na capitalização bolsista da Coca-Cola, não só parece uma anedota, como é”, refere.

Por outro lado, Filipe Garcia salienta que podem existir aqui aspetos jurídicos, até porque é preciso perceber se um jogador ou técnico pode desassociar-se desta forma de uma marca que é patrocinadora deste evento da UEFA, o Euro2020. “A implicação que temos é esta: o Ronaldo vai a uma próxima conferência de imprensa, tira as garrafas ou não? E quem diz o Ronaldo, diz outro jogador”, afirma.

Recorde-se que o médio francês Paul Pogba também afastou as garrafas de cerveja de outro patrocinador do evento durante a conferência de imprensa na terça-feira. Pogba é um muçulmano praticante.

O responsável acredita que o gesto do capitão da Seleção nacional já terá dado azo a um conjunto de iniciativas para colocar os pontos nos eixos, isto porque, “se a moda pega deixa de haver interesse por parte dos patrocinadores em se sujeitar à discricionariedade dos atletas. O impacto é muito mais por aqui, do que propriamente nas ações da Coca-Cola”, sublinha.

A UEFA também já reagiu e recordou que sem o apoio de marcas como a Coca-Cola seria impossível organizar o Euro 2020, considerando que esta parceria é importante.

Por sua vez, a Coca-Cola desvalorizou o episódio, afirmando que “todos tem direito às suas preferências no que se refere a bebidas”.

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