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João Félix ou Bruno Fernandes: quem será o sr. 100 milhões?

Estará a Liga portuguesa preparada para vender um jogador por 100 milhões de euros? Entre a Luz e Alvalade, há dois candidatos a bater o recorde do futebolista mais caro a sair de Portugal.
17 Março 2019, 18h00

São porventura os dois jogadores portugueses em maior destaque no campeonato nacional. Bruno Fernandes, médio do Sporting Clube de Portugal, e João Félix, avançado do Sport Lisboa e Benfica, têm feito as delícias dos adeptos de ‘leões’ e ‘águias’ e poderão a curto prazo, vir a encher os cofres dos dois clubes lisboetas.

Aos 24 anos, Bruno Fernandes está a fazer a sua melhor época de sempre, com 22 golos marcados (metade deles para o campeonato), sendo o melhor marcador do Sporting, tendo já igualado o registo de António Oliveira, como o médio com mais remates certeiros numa só temporada. Outra curiosidade é o facto do ‘camisola 8’ dos ‘leões’ ter inclusivamente vantagem sobre Cristiano Ronaldo (21 golos).

No outro lado da Segunda Circular, encontra-se provavelmente a revelação da Liga 2018/19. Com apenas 19 anos, João Félix, ganhou um lugar no ‘onze’ do Benfica após a troca de Rui Vitória, por Bruno Lage. O oitavo golo marcado no campeonato na última segunda-feira frente ao Desportivo de Chaves, permitiu a João Félix igualar o recorde de 41 anos, de Fernando Chalana, que também com 19 anos atingiu o mesmo número de golos na Liga. Tanto Bruno Fernandes como João Félix terminam os seus contratos em junho de 2023, sendo as suas cláusulas de rescisão, de 100 e 120 milhões de euros, respetivamente.

Nunca a Liga portuguesa conseguiu vender um futebolista por três dígitos – João Mário detém o recorde do português mais caro de sempre a sair da Liga, por cerca de 40 milhões de euros. Na opinião do jornalista André Pipa, em declarações ao Jornal Económico, os montantes das cláusulas de rescisão serão difíceis de alcançar para os dois jogadores. “Cem milhões, não sei se alguém dará por algum deles, como o Paris Saint-Germain, por exemplo, deu sem pestanejar pelo fabuloso [Kyllian] Mbappé, ou como o Barcelona pelos bem menos fabulosos Philippe Coutinho e Dembelé”, refere André Pipa, lembrando que se “contam pelos dedos os jogadores alegadamente na ‘mira’ de todos os grandes [campeonatos] Europeus que saíram efetivamente pela cláusula”. Contudo, o jornalista acredita que “tanto [João] Félix como Bruno Fernandes serão vendidos acima dos 50/60 milhões (mais um tanto em variáveis) – o que, por si só, é uma verdadeira fortuna”.

Sobre qual dos dois portugueses poderá ser transferido em primeiro lugar, André Pipa, afirma que “a lógica aponta para que seja Bruno Fernandes”, porque “além de ser mais velho, é um jogador já ‘feito’ e confirmado”, pois não se deve “esquecer os cinco anos que jogou – e bem – em Itália”.

Em relação ao avançado das ‘águias’, o jornalista assume que [João] “Félix é uma promessa vistosíssima, mas ainda uma promessa – ninguém pode garantir que já está preparado para sair”, recordando o “exemplo de outras promessas que iam ser isto e aquilo e a quem a vida não correu tão bem como se esperava. Há um tempo para tudo e por vezes é muito perigoso queimar etapas”, sublinha.

Itália e Espanha como destino provável

Questionado sobre em que Ligas cada um dos jogadores se encaixaria melhor, André Pipa, vê “Bruno Fernandes voltar a Itália para jogar num grande – na Juventus por exemplo, vejo-o a jogar num grande de Espanha e em Inglaterra”, pois considera que o médio “tem nervo, fibra, alma de combatente  e um grande pontapé, que é uma característica que os ingleses particularmente apreciam”.

Quanto a João Félix, o jornalista reconhece ser “muito intuitivo e criativo (e muito bravo também), vejo-o mais num Barcelona, num [Real] Madrid ou noutro grande clube latino. Por regra, são os que mais apreciam e melhor partido tiram dos jogadores naturalmente talentosos”.

André Pipa frisa que “Bruno Fernandes deverá fazer mais falta ao Sporting que [João] Félix ao Benfica” e a razão é simples para o jornalista: “sendo o plantel do Benfica mais recheado de qualidade e soluções, ser-lhe-á sempre mais fácil disfarçar o vazio deixado por um jogador importante”, enquanto nos ‘leões’, Bruno Fernandes é omnipresente e insubstituível. É o líder, o patrão, o 8, o 10 e também o 9. Marca como um ponta de lança e ainda por cima resolve de bola parada. Tem muito mais influência e preponderância no jogo do Sporting do que [João] Félix no jogo do SLB. Deixará um vazio muito difícil de preencher”, defende.

Artigo publicado na edição nº1978 de 1 de março do Jornal Económico

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