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Recrutamento e Universidades: como está a ser encarada a chegada do novo ano?

“Em 2019, deverão ser criadas oportunidades sobretudo nas áreas das Tecnologias da Informação, Hotelaria e Turismo, Shared Service Centers, Customer Care e Retalho.”
31 Dezembro 2018, 18h30

Álvaro Fernández: Director Geral Michael Page

A concretizar-se a legislação que fixa quotas de contratação de pessoas com deficiência, também aumentarão as necessidades de recrutamento deste tipo de perfil.
O setor financeiro continuará a ter necessidades ao nível de compliance devido à regulação comunitária e nacional, o que poderá levar a um reforço dos departamentos jurídicos. Verificar-se-á um acréscimo no recrutamento da figura de Data Protection Officer, fruto das leis do RGPD. Face ao crescimento do e-commerce e do digital, as organizações irão recrutar para os seus departamentos de Compras e Logística.
A Indústria continuará a dar um contributo significativo para o PIB nacional. A norte, as empresas de componentes para a indústria automóvel, metalomecânicas, cortiça, papel, têxtil serão as mais desenvolvidas. Transversal a todas as áreas será a evolução salarial positiva, com os profissionais a valorizarem cada vez mais os fringe benefits. (benefícios adicionais à remuneração salarial).
Os líderes deverão focar-se nas pessoas, orientando-as não a trabalhar mais, mas sim a trabalhar melhor, aperfeiçoando as estruturas das equipas e mantendo-as extremamente produtivas e motivadas. A chave para o atingir é especialização: construir equipas onde cada colaborador tem objetivos específicos bem definidos.
Por fim, a tecnologia continuará a promover novas formas de trabalhar. As empresas irão disponibilizar cada vez mais telemóveis, portáteis e, ocasionalmente, tablets. O trabalho remoto ganhará cada vez mais relevância, permitindo que os profissionais trabalhem fora do escritório, gerindo e controlando a sua agenda da forma mais eficiente para si e para a empresa.
Prevejo que haverão duas palavras-chave: equilíbrio e produtividade. Equilíbrio entre o que é melhor para a empresa e para o colaborador, entre o trabalho desempenhado e as recompensas, entre vida pessoal e carreira. Atingindo-o, estaremos no caminho certo para incrementar a produtividade.

Clara Raposo: Presidente do ISEG

Num tempo complexo, a previsão macroeconómica é um desafio. 2018 encerra com a bolsa em queda. A economia portuguesa continuará influenciada pelos mercados mundiais, dominados por expetativas de subida de taxa de juro e receio de abrandamento do crescimento económico. Vejamos bases para estas expetativas: incertezas que pairam sobre a administração Trump; tensão comercial entre EUA e blocos como Europa e China; maior gradualismo no crescimento chinês; movimentos populistas/separatistas como o Brexit.
Para as empresas portuguesas, da metalomecânica ao turismo, há necessidade de inovação e criatividade, na constituição de redes empresariais, na subida na cadeia de valor e na afirmação de marcas e conquista de mercados. O desafio é maior, visto importantes mercados estarem em disrupção (perturbações em Espanha, incógnitas na Alemanha, declínio em França, big mess em Inglaterra). O investimento será a variável chave de ajustamento, considerando a baixa taxa de poupança, o ainda elevado nível de endividamento e o desempenho bearish dos mercados.
Em 2019, o Investimento Público terá um acréscimo, beneficiando da consolidação orçamental que tem vindo a ser conduzida, e respondendo a pressões sociais. Deverá encontrar-se um equilíbrio entre infraestruturas de maior visibilidade ao serviço das populações (saúde e transportes são exemplos óbvios) e investimento com caraterísticas reprodutivas que permita dar resposta a necessidades presentes e futuras da economia: educação, por exemplo, como catalisador de acesso a profissionais qualificados e mão de obra especializada. Sendo ano de eleições, 2019 será marcado por greves e reivindicação, sendo necessário assegurar que Portugal mantenha uma imagem de país amigo do investimento e de nível reduzido de conflitualidade social. Nesse sentido, uma aposta pública evidente é a redução de dívida, o que tem vindo já a ser realizado por empresas e Estado, de que foi exemplo o pagamento total da dívida ao FMI.

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