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Rei Salman da Arábia Saudita não foi informado da visita de Netanyahu

A normalização das relações entre Israel e a Arábia Saudita não passa de um sonho de Donald Trump, mas, quando parecia prestes a poder concretizar-se, está a começar a correr mal.
27 Novembro 2020, 17h35

A visita do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu à Arábia Saudita para se encontrar com o príncipe herdeiro Mohammed Bin Salman – que aconteceu secretamente (mas não muito) no início desta semana – pode vir a ser o maior entrave à abertura de negociações entre os dois países para a normalização das suas relações diplomáticas.

É que o rei Salman, que governa o país, não foi informado da visita de Netanyahu e, segundo os jornais israelitas, terá ficado furioso com os avatares diplomáticos de Mohammed Bin Salman e com o facto de o príncipe herdeiro – cujas atuações na frente externa têm sido um verdadeiro desastre para o ‘bom nome’ da Arábia Saudita – não o ter informado da reunião.

A ideia da assinatura de acordos entre o Estado judaico e o maior número possível de Estados muçulmanos partiu de Donald Trump – mas a Casa Branca e o seu anterior presidente sabiam que os acordos com os Emirados Árabes Unidos e com o Bahrein não passava de sucedâneos do principal, que teria que ser fechado com os sauditas.

Quando a reunião entre Mohammed Bin Salman e Netanyahu foi conhecida – no meio dos mais diversos desmentidos que se revelariam falsos – as diplomacias que acompanham o assunto ficaram convencidas que o sonho de Trump estava perto de passar à realidade. Mas o episódio interno entre o rei e o príncipe herdeiro pode deitar tudo a perder – até porque a sociedade saudita é claramente favorável à causa palestiniana e ficou estarrecida quando os Estados Unidos aceitaram Jerusalém como a capital única de Israel.

Citando uma fonte saudita e um diplomata estrangeiro em Riade, a agência Reuters revelou esta sexta-feira que a normalização das relações com Israel está fora de questão enquanto o monarca saudita estiver vivo. O rei Salman, de 84 anos, opõe-se a essa normalização sem o estabelecimento de um Estado palestiniano e apesar de saber que o filho não é da mesma opinião, quer que a sua posição – que se confunde com a posição oficial da Arábia Saudita – seja respeitada.

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