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Relatório indica falha humana na resposta inicial ao fogo de Pedrógão

A conclusão foi anunciada pelo presidente da comissão, João Guerreiro, após ter entregue o relatório ao presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues.
  • HO/Reuters
12 Outubro 2017, 12h46

Um alerta precoce poderia ter evitado a maioria das 64 mortes registadas no incêndio que começou a 17 de junho em Pedrógão Grande, sublinha o relatório da comissão técnica independente, hoje divulgado.

No item intitulado ‘O que poderia ter sido diferente’, lê-se que “esta ausência de alerta precoce, por não ter sido feita a leitura do incêndio às 18:00 (e mesmo antes), não permitiu impedir a maioria das fatalidades”.

Este trabalho de antecipação, acrescenta a comissão, “deveria ter sido feito no seio do comando e planeamento desta operação de socorro e deveria ter resultado na mobilização dos meios necessários, incluindo a GNR, para evitar que se tivesse verificado uma fuga para a morte, tal como veio a acontecer”.

“Por sua vez, tal trabalho de antecipação só poderia ter sido feito com o apoio de analistas de incêndios e de meteorologistas especializados, que permitisse uma adequada avaliação da situação em tempo real. A verdade é que nenhuma destas competências existe na Autoridade Nacional de Proteção Civil, apesar da enorme gravidade e frequência dos incêndios em Portugal”, indica o documento, hoje entregue no parlamento e disponibilizado no ‘site’ da Assembleia da República.

O relatório diz também que, uma vez que as mortes na Estrada Nacional (EN) 236-1 ocorreram na sequência da fuga a partir das aldeias localizadas a este desta via, “poderia ter-se colocado a hipótese de proceder ao corte das estradas de acesso à EN 236-1”, o que teria um desfecho “provavelmente ainda pior, pois teria eventualmente implicado a ocorrência de mais vítimas, incluindo os próprios agentes da autoridade”.

“Excluída esta hipótese, duas medidas poderiam no entanto ter sido tomadas, ambas dependentes de informação que a GNR não dispunha. Poderia ter sido ordenada a evacuação atempada das aldeias ameaçadas ou poderiam ter sido tomadas medidas para que as pessoas não saíssem de casa”, descreve a comissão.

Qualquer uma destas decisões deveria, no seu entender, ter resultado de “uma análise adequada da situação, de modo a prever o comportamento potencial do incêndio iniciado há mais de cinco horas”.

Hoje à tarde, o primeiro-ministro, António Costa, também recebe João Guerreiro na Residência Oficial de São Bento, em Lisboa.

António Costa já anunciou que o Governo vai reunir-se no dia 21 em Conselho de Ministros extraordinário para analisar e tomar medidas com base no relatório da comissão aos incêndios na região Centro e o parlamento agendou para dia 27 um debate sobre o assunto.

A criação de uma comissão técnica para apurar os factos relativos ao incêndio que deflagrou em 17 de junho, em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, do qual resultaram 64 mortos, foi proposta pelo PSD e aprovada pelo parlamento no dia 30 de junho.

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