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Respostas rápidas. O que já se sabe sobre o bombardeamento na Síria?

EUA, Reino Unido e França bombardearam, na madrugada deste sábado, a Síria, numa ação conjunta para travar o uso de armas químicas. Vários países já apoiaram o ataque, mas também há quem condene.
14 Abril 2018, 13h30

O que é que aconteceu esta noite?

Os EUA, a França e o Reino Unido avançaram à 1h55 (hora de Lisboa) com uma operação militar conjunta na Síria, bombardeando alvos que estarão associados a instalações de armas químicas utilizadas pelo regime de Bashar al-Assad.

“Ordenei às forças armadas dos Estados que lancem ataques de precisão contra alvos associados com as capacidades de armas químicas do ditador sírio Bashar al-Assad”, declarou Trump esta noite, na Casa Branca. De acordo com o presidente dos EUA, os ataques seriam realizados em coordenação com a França e o Reino Unido.

Ao mesmo tempo que Trump anunciava a operação militar reportaram-se várias explosões em Damasco, segundo noticia a Al-Jazeera. A mesma estação televisiva informa que as baterias anti-aéreas do regime “responderam ao ataque desta noite”.

Quais as razões para o ataque?

Trata-se de uma retaliação contra o alegado “ataque químico” da semana passada na cidade rebelde de Douma, em Ghuta Oriental, atribuído ao regime de Assad, que causou 40 vítimas mortais e 500 feridos. O objetivo consiste em impedir “a produção, disseminação e utilização de armas químicas”, segundo Donald Trump, presidente dos EUA.

Peritos da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) tinham previsto iniciar este sábado uma investigação sobre o alegado ataque com armas químicas. A missão recebeu um convite do Governo sírio, sob pressão da comunidade internacional.

A oposição síria e vários países acusam o regime de Al-Assad da autoria do ataque, mas Damasco nega e o principal aliado, a Rússia, afirmou que o ataque foi encenado com a ajuda de serviços especiais estrangeiros.

Qual foi a reação da Síria e da Rússia?

A Síria e a Rússia declaram que foram interceptados 71 dos 103 mísseis de cruzeiro e mísseis de superfície aérea lançados sobre alegadas instalações de armas químicas utilizadas pelo regime de Bashar al-Assad. Após o bombardeamento desta madruga, Damasco divulgou um vídeo em que Bashar al-Assad é visto a trabalhar normalmente, enquanto os sírios se manifestam na capital do país contra os ataques.

“A agressão é uma violação flagrante do direito internacional, uma infração à vontade da comunidade internacional e está destinada a fracassar”, declarou também a agência estatal da Síria, SANA. Do lado da Rússia, o ataque foi condenado e o país anunciou que ia pedir uma reunião de emergência ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

Os ataques com mísseis foram realizados “sem a aprovação do Conselho de Segurança da ONU, em violação da Carta das Nações Unidas e de normas e princípios do direito internacional” e constituem “um ato de agressão contra um Estado soberano que está na vanguarda da luta contra o terrorismo”, disse o presidente Vladimir Putin, em comunicado.

O que é que a União Europeia e Portugal disseram sobre o assunto?

A chanceler alemã Angela Merkel demonstrou apoio ao Reino Unido, França (cujos líderes também já falaram este sábado para reafirmar considerarem justificáveis os ataques) e EUA, enquanto a União Europeia garantiu estar ao lado dos aliados. “Os ataques dos EUA, França e Reino Unido mostram claramente que o regime sírio, com a Rússia e o Irão, não podem continuar com esta tragédia humana, pelo menos sem terem custos”, escreveu Donald Tusk, no Twitter.

Em Portugal, o ministério dos Negócios Estrangeiros que “compreende as razões e a oportunidade desta intervenção militar” dado considerar “inaceitável o recurso a meios e formas de guerra que a humanidade não pode tolerar”. O Governo também adotou um discurso conciliatório, ao “reafirmar a necessidade de evitar qualquer escalada no conflito sírio, que gere ainda mais insegurança, instabilidade e sofrimento na região”, numa declaração em linha com a de António Guterres.

O secretário-geral das Nações Unidas escreveu no Twitter: “A situação no Médio Oriente encontra-se de tal forma num caos que se tornou uma ameaça à paz e à segurança internacional. E hoje em dia a Síria representa a mais séria dimensão dessa ameaça”.

Que outros países apoiaram a ação?

À medida que o dia avança, vários países têm manifestado apoio à ação conjunta. Um responsável do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita afirmou ser uma “resposta aos crimes do regime” sírio após o alegado ataque químico em Douma, citado pela agência oficial Spa. A reação não diferiu muito da posição tomada pela Turquia.

“Saudamos esta operação que alivia a consciência de toda a humanidade diante do ataque a Douma, que tudo indica ser da responsabilidade do regime” sírio, referiu em comunicado o Ministério das Relações Exteriores da Turquia.

Quais os países que condenaram?

Por outro lado, houve pelo menos dois país, além da Rússia, a condenaram os ataques: a China e o Irão. “Qualquer ação militar unilateral sem o aval do Conselho de Segurança é contrária aos propósitos e princípios da Carta da ONU e viola os princípios e normas básicas do direito internacional”, afirmou em comunicado uma porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Hua Chunying.

O Governo iraniano advertiu para as repercussões do ataque ocidental à Síria, considerando-o uma “flagrante violação do direito internacional”. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Bahram Qasemi, defendeu que o ataque ignora “a soberania e a integridade territorial da Síria”, acrescentando que “os Estados Unidos e seus aliados são responsáveis pelas consequências regionais dessa ação”.

Como é que a NATO reagiu?

O secretario geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) também apoiou o ataque conjunto dos EUA, Reino Unido e França a instalações de armas químicas na Síria. Jens Stoltenberg considerou que tal “reduzirá a capacidade do regime” de Assad de voltar a atacar a população com este tipo de armas.

“A NATO condenou sistematicamente o uso continuado por parte da Síria de armas químicas como uma clara violação das normas e acordos internacionais”, afirmou o secretário geral numa declaração publicada na página da Internet da NATO.

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