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Respostas rápidas: o que levou Ricardo Robles a renunciar ao cargo de vereador?

Ricardo Robles anunciou esta segunda-feira a renúncia ao cargo de vereador do Bloco de Esquerda da Câmara Municipal de Lisboa. Uma decisão que surge três dias depois do Jornal Económico ter dado a notícia que o bloquista comprou um prédio em Alfama por 347 mil euros e o tentou vender por 5,7 milhões.
  • Cristina Bernardo
30 Julho 2018, 13h35

O que esteve na origem desta decisão?

Uma investigação levada a cabo pelo Jornal Económico revelou que Ricardo Robles, juntamente com a sua irmã, compraram em 2014, um velho edifício de três pisos à Segurança Social. Os dois irmãos pagaram pelo imóvel, situado na Rua do Terreiro do Trigo, uma zona privilegiada de Alfama, 347 mil euros. Depois dessa compra, investiram 650 mil euros em obras e chegaram a acordo com a maioria dos inquilinos para rescindir os contratos de arrendamento. No final de 2017, com o edifício reabilitado e com mais um andar, este foi colocado à venda por 5,7 milhões de euros.

Qual foi a resposta de Ricardo Robles?

Na passada sexta-feira numa conferência de imprensa o bloquista referiu que “foram as alterações das condições de vida da irmã que justificaram pôr o prédio à venda”, por 5.7 milhões de euros, conforme a avaliação feita por uma imobiliária de luxo. O prédio esteve no mercado até abril de 2018 e, porque a “compra existiu, mas a venda não”, salientando ainda que “a decisão de venda não estava nos meus planos e continua a não estar” e que “sempre defendi o direito à habitação e, como proprietário, estou a respeitar esse direito”.

O que disse o Bloco de Esquerda?

A coordenadora do partido Catarina Martins falou no último sábado sobre este caso afirmando que “o vereador “já explicou a situação familiar, explicou tudo o que tinha a explicar” e que “as notícias são falsas, é um absurdo. Não houve nenhuma mais-valia, não houve nenhum lucro”, referiu.

Como reagiram os restantes membros partidos?

Margarida Balseiro Lopes, líder da Juventude Social Democrata (JSD), em declarações ao Jornal Económico considerou a postura de Ricardo Robles, como “lamentável, porque defende uma coisa e faz outra”. Afirmações depois da comissão política da concelhia de Lisboa dos sociais-democratas já terem exigido a demissão na última sexta-feira, “por manifesta falta de ética, de seriedade e de credibilidade política para permanecer no cargo de vereador na cidade de Lisboa”.

Já Luís Marques Mendes no seu espaço de comentário na “SIC” afirmou que com este caso foi para Ricardo Robles “um desastre político para a sua carreira e um desastre para a imagem e credibilidade do Bloco de Esquerda”, sublinhando que Catarina Martins devia ter-se desmarcado em de “vez pactuar com este comportamento”. “Achei deprimente a intervenção de Catarina Martins, foi o seu pior momento político. Veio a público tentar justificar o injustificável, tentar defender o indefensável.  Tentou transformar isto numa cabala da imprensa contra o Bloco de Esquerda. O que é ridículo”, afirmou Marques Mendes.

Quais as razões apresentadas por Ricardo Robles para a sua renúncia?

Num comunicado colocado na página de internet esquerda.net, o até agora vereador da Câmara Municipal de Lisboa diz que toda a polémcia criada em torno do negócio limita o seu desempenho na câmara de Lisboa. “[Foi] uma opção privada, forçada por constrangimentos familiares que expliquei e no respeito pelas regras legais, revelou-se um problema político real e criou um enorme constrangimento à minha intervenção como vereador”, explica.

“Esta é uma decisão pessoal que tomo com o objetivo de criar as melhores condições para o prosseguimento da luta do Bloco pelo direito à cidade”, diz.

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