O que aconteceu esta segunda-feira?
O presidente norte-americano anunciou esta madrugada a entrada em vigor de novas taxas aduaneiras sobre as importações chinesas, no valor de 200 mil milhões de dólares (aproximadamente 171 mil milhões de euros). As tarifas entram oficialmente em vigor na próxima segunda-feira, dia 24 de setembro, e serão de 10% até o final do ano – a partir de 1 de janeiro de 2019 passam a 25%.
China has openly stated that they are actively trying to impact and change our election by attacking our farmers, ranchers and industrial workers because of their loyalty to me. What China does not understand is that these people are great patriots and fully understand that…..
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) September 18, 2018
É a segunda vez este verão que a guerra comercial se acentua. Em meados de junho, Donald Trump anunciou a imposição de taxas aduaneiras de 25% sobre 50 mil milhões de dólares (cerca de 43 mil milhões de euros) às importações chinesas que contivessem tecnologias para a indústria. A seguir, Pequim aplicou uma tarifa adicional de 25%, com efeitos a partir de 6 de julho, em 545 produtos dos Estados Unidos (incluindo soja, carros elétricos, sumo de laranja, salmão e charutos, por exemplo).
Os impostos vão afetar todos os produtos/empresas?
Há produtos eletrónicos que ficaram de fora destas taxas. A Apple pode respirar de alívio em relação aos seus wireless headphones ou smart watches – o mesmo não se pode dizer do MacMini, de acordo com a lista apresentada pelo governo norte-americano.
Qual foi a reação da China? E dos mercados asiáticos?
Logo após o ‘ataque’ comercial, o governo de Pequim prometeu retaliar, mas não avançou medidas com concretas. Os mercados asiáticos encerraram com ganhos [Nikkei +1,44%, Shanghai +1,60%, China A50 +1,90%]. “Para proteger os seus direitos e interesses legítimos, tal como as regras de livre comércio no mundo, a China ver-se-á obrigada a tomar medidas de retaliação de forma proporcional”, defendeu o Ministério do Comércio da China, liderado por Zhong Shan, através de um breve comunicado. Horas depois, o governo chinês disse que iria aplicar tarifas de 60 mil milhões de dólares (cerca de 51 mil milhões de euros) sobre as importações norte-americanas. Os novos impostos irão abranger produtos como café ou aeronaves.
O que dizem os analistas?
Segundo os cálculos do instituto alemão Ifo, estas tarifas irão travar o crescimento da China em 0,1 a 0,2 pontos percentuais e colocar a Europa numa posição mais forte. “Se as tarifas subirem de 10% para 25% no final do ano, o efeito de redução do crescimento subirá para 0,3 a 0,5 pontos percentuais. Esse efeito seria notório, mas moderado em geral”, explicou Gabriel Felbermayr do Centro de Economia Internacional do Ifo.
“Embora a decisão tenha sido aceite com uma primeira vaga de vendas nos mercados financeiros, o facto de esta medida ter sido praticamente subestimada e que, finalmente, as letras miúdas tirem dureza à sua aplicação (tanto na percentagem do imposto como nos produtos a taxar) permite que os investidores comprem de volta a preços mais atraentes”, afirma Aitor Méndez Riesgo. O analista da IG acredita que seja agora improvável que as duas potências voltem a negociar.“Alguns produtos estarão isentos destas tarifas, tais como alguns produtos eletrónicos de consumo (por exemplo smart watches), têxteis e determinados bens agrícolas, não obstante o impacto no mercado deverá ser negativo, uma vez que aumenta a tensão comercial entre ambos os países”, consideram os analistas do Bankinter, num research enviado esta manhã.
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