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Respostas Rápidas. Sair ou não de bolsa: as dúvidas que pairam sobre a Tesla e Musk

Operação (retirada da Tesla de bolsa) iria permitir à empresa fugir aos investidores que colocam pressões na empresa no curto prazo, obrigando a empresa a negligenciar os seus objectivos de longo-prazo, segundo Elon Musk.
13 Agosto 2018, 18h16

O que se está a passar na Tesla?

No passado dia 7 de agosto, Elon Musk anunciou no Twitter a intenção de retirar a Tesla da bolsa e que pagaria 420 dólares por ação, tendo já o financiamento para a operação assegurado. No seio da comunidade de investidores, o tweet de Musk criou mais dúvidas do que certezas. Desde logo, porque não se sabia quanto custaria, apenas sabendo-se que àquele preço por ação, a capitalização bolsista da Tesla é de aproximadamente 70 mil milhões. Além disso, também não se sabia qual a estrutura concreta do negócio. Sobre este último ponto, a comunicação social internacional destacou duas possibilidades: um full leveraged buyout, que obrigaria a um financiamento bancário, ou going dark, isto é, os acionistas da Telsa manteriam os seus títulos embora fora da bolsa.

Acima de tudo, o tweet de Musk levantou muitas polémicas quanto à origem do financiamento (ver resposta em baixo).

Quais as razões que levaram Elon Musk a querer retirar a Tesla da bolsa?

Num email dirigido aos funcionários da Tesla poucas horas depois do anúncio da ‘reprivatização’ da empresa, Elon Musk destacou que a operação iria permitir à empresa fugir aos investidores que colocam pressões na empresa no curto prazo, obrigando a Tesla a negligenciar os seus objectivos de longo-prazo.

Outras razões têm que ver com a atitude de certos investidores que ‘irritam’ Elon Musk. Os chamados short sellers, que ganham dinheiro apostando na desvalorização das ações. Musk quer que os seus investidores partilhem da sua visão para o desenvolvimento das energias sustentáveis que, aliás, está no centro do mission statement da Telsa.

Por que razão disse Elon Musk que já tinha ‘financiamento assegurado’?

O Jornal Económico revelou na semana passada que o “Financial Times” tinha dado indícios de que o mais recente acionista institucional da Tesla, o fundo público de investimento da Arábia Saúdita (sigla em ingês, PIF), que adquiriu quase 5% das ações da Tesla, poderia estar por detrás do financiamento para a operação de retirada da empresa da bolsa.

Esta segunda-feira, dia 13 de agosto, Elon Musk confirmou as suspeitas avançadas deste Jornal ao comunicar no blogue da Tesla que, de facto, o PIF estaria por trás da operação uma vez que Musk e o managing director do PIF “tiveram várias reuniões ao longo [de 2018] para reiterar o interesse [em retirar a Tesla da bolsa] e para avançar com o projecto”. Musk escreveu ainda que, “obviamente, o fundo saudita tem mais do que capital suficiente necessário para executar uma transação desse género”. A vontade do PIF em dar seguimento a esta transação foi reafirmada noutra reunião com Elon Musk no passado dia 31 de julho e que levou o CEO da Tesla a escrever ter saído dessa reunião “sem qualquer dúvida de que o negócio com o PIF poder-se-ia fechar e que apenas estaria dependente de dar seguimento ao processo”.

Quanto pode custar a saída da bolsa da Tesla?

Na semana passada, uma vez que persistiam dúvidas quanto à estrutura do negócio, muitos analistas referiam que uma operação deste tipo faz-se mediante um full leveraged buyout, o que obrigaria a Tesla a obter financiamento bancário, total ou parcial, no valor aproximado de 71.313 mil milhões de dólares, uma vez que o plano propõe a compra de uma ação a 420 dólares.

No entanto, no mesmo blogue escrito esta segunda-feira, Elon Musk esclareceu que a maior parte do capital necessário para retirar a Tesla da bolsa será angariado através de uma injecção da capital em vez de financiamento externo, pondo de parte a hipótese de um full leveraged buyout que iria sobrecarregar a Tesla com (mais) dívida.

Assim, explica Musk, as projeções que a operação custararia mais de 70 mil milhões de dólares sobrestimam “dramaticamente” o capital necessário. Segundo o CEO, apenas aos acionistas que tiverem interesse em vender as ações ser-lhes-á oferecido 420 dólares por ação. A “melhor estimativa é que aproximadamente dois terços [do total] das ações dos investidores irão acompanhar a ‘reprivatização’ da Tesla.

Quais os próximos passos de Musk?

Musk vai continuar a falar com os investidores da Tesla e, paralelamente com advisors, irá estudar as melhores opções para executar o seu plano. Desta forma, Musk conseguirá obter um conhecimento mais preciso sobre quantos investidores querem continuar a manter-se como acionistas” da Tesla ‘reprivatisada’.

Assim que uma proposta para executar a retirada da bolsa estiver delineada, uma comissão especial do conselho de administração da Tesla reúne para a avaliar. Se o conselho de administração aprovar, a proposta será apresentada a todos os acionistas da Tesla para votarem, mas apenas depois da proposta ter passado pelo crivo das autoridades reguladoras.

 

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