Reunião no Banco de Portugal compara Montepio a esquema Ponzi e caso BES

O Montepio foi comparado a um esquema Ponzi (operação fraudulenta baseada num esquema em pirâmide), que se assemelha ao caso do Banco Espírito Santo (BES), numa das reuniões no Banco de Portugal (BdP) em março do ano passado, revela o jornal “Público” na edição desta segunda-feira, 14 de outubro.

A 28 de março de 2018, na antiga sala do conselho de administração do supervisor bancário, surgiu um tema delicado em cima da mesa: o relacionamento do Banco Montepio com o seu acionista de controlo, a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG).

Segundo a mesma publicação, João Talone e João Costa Pinto, membro do conselho consultivo do banco central (o primeiro indicado pelo Governo e o segundo na qualidade de presidente da comissão de auditoria), interpelaram o governador, Carlos Costa, e a vice-governadora, Elisa Ferreira, dizendo que a realidade do banco e da associação “se aproximava da do caso BES/GES”. “Abrirá um buraco de mais de dois mil milhões de euros”, acrescentaram, de acordo com as citações divulgadas pelo diário.

Elisa Ferreira respondeu que “tinha consciência do problema e que os serviços do BdP tinham vindo a recolher muita informação sobre a matéria. Mas João Talone questionou Elisa Ferreira sobre se o BdP não deveria suspender imediatamente a subscrição de dívida da AMMG vendida aos balcões que serviria para “pagar resgates e juros de subscrições anteriores que estão a vencer”.

A atual comissária europeia terá respondido que o assunto é para tratar com pinças, e João Costa Pinto continuou: “O programa de colocação de produtos financeiros para 2018, se for completamente cumprido, prevê uma entrada de recursos superior às necessidades estritas do serviço das emissões anteriores, e a dificuldade vai continuar a crescer”.