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Ricardo Mexia: “Futebol? Estratégia de testagem da nova época é diferente da adotada na retoma”

Em entrevista ao “Jornal Económico”, Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, explica a mudança de estratégia de testagem por parte da Direção-Geral de Saúde para o futebol e aborda também a questão da eventual redução do tempo de isolamento. 
18 Setembro 2020, 17h40

Arranca esta sexta-feira a nova época do futebol, uma temporada que irá ser marcada pela ameaça da Covid-19 e cujo ‘timing’ apanha a pandemia numa nova fase, porventura mais ameaçadora. Em entrevista ao “Jornal Económico”, Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, explica a mudança de estratégia de testagem por parte da Direção-Geral de Saúde para o futebol e aborda também a questão da eventual redução do tempo de isolamento.

O Modelo 36 da DGS, que nos dá a orientação em relação ao regresso do desporto em tempos de Covid-1, caracteriza o Futebol como modalidade de médio risco. Quer isto dizer que, de acordo com o protocolado, esta atividade apenas teria que fazer aleatoriamente os testes até 48 horas antes da competição e sem equipas de zona com transmissão comunitária ativa. A Liga Portugal decidiu que na LigaPro os testes devem ser a cada duas jornadas e na Liga NOS todas as jornadas, até pelas deslocações das equipas ao estrangeiro em jogos da UEFA.

Até que ponto a pandemia ameaça o arranque da Liga?

Há aqui dois aspetos que são distintos. Nós já tivemos a Primeira Liga a funcionar numa fase inicial no início do verão com um protocolo que englobava uma estratégia de testagem muito regular e bastante abrangente, algo que permitia reduzir o risco. Agora, com a orientação das modalidades, acabou por ser adotada uma estratégia diferente com o futebol a ser considerado uma atividade de médio risco. Com esta estratégia, o número de casos foi relevante. Existem várias equipas com casos e algumas deles com um número elevado de infetados. Se calhar esta nova abordagem acarreta riscos diferentes da outra que tinha sido adotada.

Não podemos esperar risco zero?

Seguramente não vai haver risco zero, sabemos que o futebol é um desporto que envolve contacto: os jogadores não usam máscara e há sempre o risco de se propagar a doença. Não é possível eliminar esse risco. Estes primeiros indicadores não são particularmente positivos.

Pode ser reequacionado período de isolamento?

Com 28 milhões de casos em todo o mundo, já temos um conhecimento da doença completamente diferente do que tínhamos em fevereiro. Hoje sabemos que a manifestação da doença andará por volta dos cinco dias: entre o momento em que a pessoa é exposta e que manifesta sintomas passam, em média cinco dias. Há um número de casos que poderá desenvolver sintomas até mais tarde. No limite, o que se convencionou foi o período de 14 dias mas existe uma discussão académica sobre a possibilidade de poder haver uma redução do tempo de isolamento. Essa discussão pode ser feita e nesse sentido, poderia ser reduzido esse período.

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