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Rio diz que Centeno “pode saber fazer” contas mas “demonstra falta de capacidade” política

Líder social-democrata apontou, então, que “em toda esta campanha o dr. Mário Centeno teve uma intervenção absolutamente desastrosa”.
4 Outubro 2019, 15h08

O presidente do PSD, Rui Rio, respondeu esta sexta-feira ao ministro das Finanças, Mário Centeno, considerando que o também candidato a deputado pelo PS “pode saber fazer umas contas” mas “demonstra falta de capacidade para a política”.

“Acho que ontem baixou demasiadamente o nível, demonstra alguma falta de capacidade para a política. Pode saber fazer umas contas, mas para a política demonstra falta de capacidade, não há necessidade de partir para o insulto, principalmente do lado dele”, disse Rui Rio aos jornalistas à margem de um almoço com personalidades da cultura, em Lisboa.

De acordo com o presidente, o PSD apenas solicitou que se “fizesse um debate e que se explicasse, e que desse oportunidade ao professor Joaquim Sarmento ou ao professor Álvaro Almeida, que se justificasse”.

O líder social-democrata apontou, então, que “em toda esta campanha o dr. Mário Centeno teve uma intervenção absolutamente desastrosa”.

“Primeiro, porque veio criticar os nossos números sabendo de antemão, porque ele tem conhecimentos técnicos para isso, que aquilo que estava a dizer não era verdade. Quando foi desafiado para um debate, fugiu a esse debate e depois veio dizer que afinal o faria se fosse com um candidato a deputado. Pois bem, indicámos um candidato a deputado e ele veio dizer que não sou eu que indico quem é que debate com ele pelo lado do PSD”, justificou.

Apontando que ficou “de perguntar ao líder do PS” que indicasse “alguém do PSD para debater com o dr. Mário Centeno”, Rio salientou que “logo aí foi um desastre”.

O socialista Mário Centeno comparou na quinta-feira à noite o cenário macroeconómico do PSD à “aldrabice” de um comerciante que aumenta preços antes da época dos saldos, advertindo que Rui Rio vende o velho carro com uma pintura “novinha”.

No comício de Setúbal do PS, o ministro das Finanças, candidato a deputado pelo PS no círculo de Lisboa, fez um ataque cerrado ao programa económico do PSD, colocando a questão das eleições de domingo entre o atual “rumo de segurança” do Governo e as “promessas vãs” dos sociais-democratas”.

Mário Centeno dirigiu-se de forma original ao presidente do PSD, virando-se para as câmaras de televisão dizendo: “Onde é que é a câmara? Alô doutor Rui Rio, boa noite, está a ouvir-me?”.

“Sei que está sempre atento ao que digo, estou agora também a falar para si. Doutor Rui Rio, a sua magia não é nada de especial, funciona muito como a daqueles comerciantes, felizmente poucos, com poucos escrúpulos, que aumentam o preço antes da época dos saldos. A isso os portugueses chamam aldrabice”, considerou, recebendo uma salva de palmas da plateia.

Em resposta direta, o presidente do PSD salientou que o partido fez “um quadro macroeconómico com base naquilo que são as projeções do Conselho de Finanças Públicas, que é absolutamente isento, e em parte até também com o próprio Programa de Estabilidade do Governo que não diverge das nossas projeções nos primeiros anos”.

“E que fizemos uma coisa prudente que até o dr. Mário Centeno, pouco tempo depois de apresentarmos o quadro, disse que as nossas projeções eram prudentes. E elas são prudentes, como eu disse, prudentes com ambição, é isto que eu respondo ao dr. Mário Centeno porque abaixo disto não tem resposta para dar”, vincou Rui Rio.

“Sei que posso ganhar e sei que posso perder”, mas povo “vota sempre bem”

O presidente do PSD, Rui Rio, admitiu hoje que “pode ganhar ou pode perder” as eleições de domingo, e defendeu que “o povo é quem mais ordena” e “vota sempre bem”.

À margem de um almoço com agentes culturais, no parque Mayer, em Lisboa, Rui Rio recusou traçar metas eleitorais ou clarificar se se recandidata à liderança do PSD em caso de derrota nas legislativas.

“Não entro naqueles ditos comuns do politicamente correto e dizer que ‘vou ganhar, tenho toda a certeza’ (…) Claro que tenho dúvidas, então vai haver eleições, eu sei lá quem vai ganhar, sei que posso ganhar e sei que posso perder”, afirmou, dizendo que há dias que tem “uma intuição maior” do que em outros.

Questionado sobre o teor dessa intuição, o líder do PSD reconheceu que “obviamente não é fácil”.

“Obviamente é difícil, mas no domingo à noite, depois de contados os votos, se o PSD ganhar eu não fico muito admirado, mas se não ganhar também não fico, mais franqueza não pode haver”, apontou.

À pergunta se, mesmo perdendo, irá recandidatar-se à liderança do PSD, Rio recusou entrar nessas “contas de cabeça”.

“O que é que me interessa a mim estar a pensar se me candidato, se não me candidato, se eu não conheço o resultado”, questionou, apontando que já não tem 20 anos e não precisa de estar a pensar na sua carreira política.

“O povo vai votar e, como diz a canção, o povo é quem mais ordena e é mesmo. O povo vota sempre bem: se eu ganhar votou bem e se eu perder votou bem também, e eu respeito”, vincou.

Rio reafirmou a sua disponibilidade para reformas estruturais, que apontou como “uma das primeiras razões” para se manter na vida política.

“Essa é a minha disponibilidade de raiz independentemente das táticas do momento, de 06 de outubro. Como isso se arranja no xadrez partidário logo se verá”, disse.

Mas, questionado se tal não será apenas possível se ficar à frente do PSD, respondeu novamente de forma cautelosa.

“Sim, como primeiro-ministro ou como líder do PSD, isso é evidente. Agora é uma coisa a ser vista em função dos resultados, e os resultados não é só um número, é toda uma circunstancia”, afirmou.

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