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Rio promete salvar o PSD da irrelevância política

Afirmando que o PSD não é um partido de direita, o antigo presidente do Porto vaticinou, com a sua candidatura e uma nova dinâmica partidária, o princípio do fim da geringonça.
12 Outubro 2017, 07h30

Nove anos depois de ter sido pela primeira vez desafiado para concorrer à liderança do PSD e sete anos depois de ter recusado convite idêntico pela segunda vez, Rui Rio tornou-se ontem candidato à sucessão de Pedro Passos Coelho – a quem agradeceu “o respeito, a consideração e a gratidão” que lhe merece. Para uma sala cheia do povo anónimo que Rio espera ser o esteio da sua vitória, o antigo presidente da câmara do Porto, afirmou que está na corrida porque a política, na sua generalidade, precisa “de um banho de ética” e o PSD, na sua especificidade, corre o risco de irrelevância.

Um dia depois de o seu adversário nas primárias de janeiro do próximo ano, Pedro Santana Lopes, ter dito – depois de, perante as câmaras da SIC e com exclusão de todas as outras, ter confirmado a sua condição de candidato – que é um político de direita, Rio preocupou-se em recuperar a posição ideológica tradicional, ou tradicional na sua ótica, do partido: “o PSD não é de direita, é social-democrata”.

Estava aberta uma linha de confronto, mas Rio não se demorou demasiado em questões que pudessem ter diretamente a ver com o confronto que o espera – a não ser talvez quando nomeou o PPD de Sá Carneiro – algo que faz parte do léxico particular, a haver um, de Santana Lopes. Preferiu apontar baterias à chamada geringonça, para afirmar que o país tem de olhar para o futuro, e isso será uma coisa que o PS atual e o seu grupo de apoio parlamentar, a esquerda, “jamais será capaz de o fazer”. E deixou uma promessa a António Costa: “hoje é o princípio do fim” dessa aventura bizarra, a geringonça, entre outras coisas porque “o PSD é um partido de poder e não uma moleta do poder”.

A frase arrancou fortes aplausos na sala, entre as muitas pessoas que circundavam Álvaro Amaro, presidente da câmara da Guarda, e Arlindo Cunha, ex-ministro da Agricultura, os dois nomes mais sonantes dos que por ali se encontravam, juntamente com muitos anónimos, entre os quais Fernando de Sousa, historiador e ex-deputado do PS.

Rio, que quase conseguiu cumprir o horário – salvo na altura em que devia ter entrado na sala ao som das palmas, que acabaram por calar-se dado que a porta não havia meio de se abrir – cumpriu com o tempo curto do discurso que se tinha imposto e não perdeu muito tempo nem com os gritos ao PSD nem com a frase recuperada dos tempos das vitórias no Porto, ‘Rio vai em frente, tens aqui a tua gente’. Como também não perdeu tempo a responder às solicitações dos jornalistas, tal como era do conhecimento prévio do batalhão de repórteres que se deslocaram a Aveiro, 60 quilómetros a sul do Porto. Porquê Aveiro? A explicação não era evidente – mesmo por ali fosse visível um autarca da região, de quem se diz que pode vir a ser o mandatário da campanha.

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