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Rocha de Matos: Exportações precisam de “mais densidade e abrangência”

O apoio prestado aos empresários no “Portugal Exportador” tornou-se uma “missão” para a organização.
21 Novembro 2017, 06h55

Quais as expectativas para a edição do Portugal Exportador deste ano?
Para nós, Fundação AIP, as expectativas são, acima de tudo, que o Portugal Exportador continue a ser um bom veículo de informação e um espaço de interação com todas as partes interessadas no incremento das exportações. Estamos certo que as múltiplas atividades e particularmente a informação sobre os mercados que aqui vão ser analisados e debatidos, serão um importante apoio às empresas portuguesas e que, acima de tudo, os empresários possam conseguir perspetivar novas oportunidades para fazer crescer os seus negócios, reforçando o posicionamento nos mercados em que já operam ou que pretendem investir. O trabalho que tem sido desenvolvido para que as empresas saiam daqui com conhecimento, parcerias e contactos, de forma a fazer crescer os seus negócios, não são uma expectativa para a Fundação AIP, mas uma missão.

Com 12 anos de existência, como evoluiu e para onde caminha?
O Portugal Exportador tem vindo a crescer continuamente e a reforçar a sua atratividade, afirmando-se hoje como o grande evento e marca de referência em matéria de iniciativas de sucesso no domínio da internacionalização. Aliás, está associado a um ciclo de crescimento quase permanente das exportações que passaram dos cerca de 30% para uma fasquia ligeiramente acima dos 40% do PIB neste período. Tem exigido um esforço muito grande por parte das empresas, sendo certo que também houve o contributo das políticas públicas. O Portugal Exportador tem sido um elemento catalisador de uma nova cultura que vê na competitividade das exportações a prioridade para a economia portuguesa.

Que leitura faz do atual cenário das exportações? Como prevê a sua evolução?
As exportações continuam a registar uma boa dinâmica mas é necessário conferir-lhe mais densidade e abrangência. E, isso é naturalmente um trabalho coletivo que exige inteligência económica e estratégica, envolvendo a comunidade empresarial, mas também as universidades e outros centros de saber, exigindo igualmente a continuação de boas políticas públicas em matéria de internacionalização. Exportar e atrair investimento direto estrangeiro terão que ser duas faces da mesma moeda. A economia e em particular as PME apresentam um portefólio de bens e serviços com muita variedade e diferenciação, mas é necessário atrair grandes empresas e multinacionais estrangeiras que dominam as cadeias globais de valor, para alargar a escala e o potencial de exportação da economia portuguesa. Significa também que temos que aumentar significativamente o número de exportadoras que, apesar da dinâmica atual ser positiva, ainda é restrito. E, isso passa também por uma política de diversificação de mercados tanto a nível intraeuropeu como extraeuropeu. As exportações estão ainda muito concentradas num número reduzido de mercados europeus, essencialmente quatro. Os fortes investimentos que têm sido feitos ao longo das últimas décadas em educação, formação, ciência e tecnologia e, consequentemente, em inovação, começam a repercutir-se no tecido empresarial e naturalmente na cadeia de valor da economia, enriquecendo o portefólio de bens e serviços com que Portugal se expõe perante a globalização. Temos que reforçar esse foco, porque reside aí a competitividade das exportações e da economia portuguesa.

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