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25 Abril. Rui Rio: “A melhor forma de combater o radicalismo é atacar as verdadeiras causas do seu aparecimento”

O líder do PSD denunciou a incapacidade de Portugal fazer as reformas necessárias, colocando a tónica na reforma do sistema de justiça. Criticou as investigações espetáculo e o atraso nos processos e manifestou, mais uma vez, a  disponibilidade do PSD para participar na solução. 
  • TIAGO PETINGA/LUSA
25 Abril 2021, 12h36

“Tem faltado vontade política e ambição para se realizarem com a necessária coragem as reformas que a realidade reclama e a prudência aconselha”, afirmou Rui Rio esta manhã na sessão comemorativa do 25 de Abril na Assembleia da República.

Prosseguindo, o líder do PSD, adiantou: “se essas reformas não forem feitas, não será seguramente com cordões sanitários, nem com artigos de opinião radicais que venceremos os extremismos emergentes”. Na sequência propôs: “a melhor forma de combater o radicalismo é atacar as verdadeiras causas do seu aparecimento e essa têm estado antes do mais na nossa incapacidade de destruir o que o faz crescer”.

No início da sua intervenção este domingo, Rui Rio declarou: “celebramos hoje os 47 anos do 25 de Abril, 47 anos foi sempre um período de tempo muito alargado, mas na sociedade atual em que tudo muda a uma velocidade vertiginosa  o tempo representa muito mais do que em qualquer outra época da nossa história coletiva. Não é por isso de estranhar que Portugal celebra hoje o nascimento do regime num clima de algum descontentamento e algum descrédito”.

O tempo causa erosão e desgaste nas instituições e na forma como elas se organizam, mas a política tem de ser capaz de responder, de se adaptar às mudanças da sociedade. Quando isso não acontece, estamos mal. “Quando essa adaptação não se cumpre, quando as reformas  não se fazem é inevitável o aparecimento de um fosso entre a sua capacidade de resposta e as legítimas aspirações do povo que é suposto servir”, salientou.

É isto que, segundo o líder do PSD, “infelizmente tem vindo a acontecer entre nós: uma real incapacidade de levar a cabo as reformas que a evolução da sociedade nos impõe”. Assim sendo, não é de admirar “o crescente divórcio entre os cidadãos e o atual estado do nosso regime”, que, apesar das suas virtualidades, “não tem sido capaz de regenerar e de desenquistar dos interesses que o tempo foi instalando”.

Rui Rio apontou a falta de eficácia do sistema de justiça para conseguir responder ao que dele se exige num estado de Direito democrático como uma das principais razões do descontentamento do povo português.

Denunciou “as permanentes violações do segredo de justiça, a incapacidade de punir a corrupção e o crime de colarinho branco, que tem arruinado as finanças públicas e as poupanças de muitas famílias” e denunciou as investigações espetáculo, que salientou “amesquinham os direitos humanos e promovem julgamentos populares”.

São dois exemplos, vincou, de como o regime está “doente e divorciado” dos seus próprios princípios, prosseguindo: “infelizmente grassa hoje entre nós um claro sentimento de impunidade seja relativamente aos mais poderosos seja no que concerne ao sistema judicial que se auto governa com evidente défice de transparência”.

Rio disse depois que em todos os sectores da vida nacional tem de haver: responsabilidade, avaliação e transparência.

Criticou a duração dos processos judiciais – “quando a justiça não é feita em tempo útil simplesmente não é justiça” e os tiques corporativistas.

Lembrou que  o PSD está disponível desde fevereiro de 2018 para “em nome do interesse nacional” fazer com os demais partidos acordos estruturais que só maiorias políticas alargadas permitem alcançar. “Devemos estar na vida pública com o foco no futuro do país e nunca no que não tem grandeza nem dimensão de Estado”, salientou.

A evocação do 25 de abril deve ter um contributo realista para rasgar horizontes e dar esperança aos portugueses. “É com esse espírito e com os olhos no futuro que o PSD presta hoje uma vez mais a sua justa homenagem à histórica Revolução dos Cravos”.

Além do sistema de justiça, o líder do PSD apontou outras áreas carentes de reformas. A saber: a modernização do sistema político, a descentralização e o combate às assimetrias regionais ou a sustentabilidade da Segurança Social.

 

 

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