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Rui Rio: “As pessoas devem querer uma garantia de melhores salários e não um pequenito ganho de uma redução no IRS”

Degradação dos serviços públicos, dos transportes públicos e do Serviço Nacional de Saúde são alguns ataques de Rui Rio ao atual Governo. O líder do PSD assume que a economia nacional “está aparentemente melhor”, mas não o suficiente.
10 Julho 2019, 09h07

Os partidos vão juntar-se esta quarta-feira, 10 de julho, na Assembleia da República para discutir o Estado da Nação, numa reunião cuja duração está prevista ser de quatro horas. Em entrevista à Rádio Renascença, Rui Rio refere que o país está “aparentemente” melhor no que toca à economia mas que os serviços públicos pioraram.

O líder do Partido Social Democrata falou ainda sobre os tumultos dentro do próprio partido, afirmando que “gostaria que dentro do partido houvesse menos tumultos”, sendo que estes estão a mostrar-se ser demasiados para os interesses do líder, do partido e do país.

“Estou na presidência do PSD há um ano e tal e seria hipócrita se não reconhecesse que tem havido tumultos a mais no PSD para aquilo que é o desejo, não só dos militantes do PSD, como dos portugueses como um todo. Perante o Governo do PS só há uma alternativa: é o PSD. Não vale a pena estarmos aqui a fazer contas de cabeça com outras soluções, porque não há outras soluções. As próximas eleições ou são ganhas pelo PS ou são ganhas pelo PSD, não são ganhas por mais ninguém”, sublinhou o social-democrata.

Ainda assim, garantiu que da sua parte faz “tudo o que está ao meu alcance para os evitar”. O líder social-democrata defende ainda que “as pessoas quando estão na política têm de se reger por convicções, não pode ser simplesmente por táticas e oportunismo”.

“O povo português seguramente quer um PSD forte, capaz de ombrear com o PS nas eleições para haver uma oposição forte e uma alternativa. A pior coisa que há é quando um governo não tem alternativa e, portanto, faz aquilo que lhe apetece”, atacou Rui Rio.

O líder defende ainda que o atual Governo não tem feito o que lhe apetece porque tem uma aliança com o PCP e Bloco de Esquerda, não tendo condições para fazer o necessário para estimular a economia, que se prende com a ajuda a empresas. Sublinha que apesar de existir “mais emprego” isso não significa “melhores empregos”.

“Se pensarmos em termos de futuro do país, a economia não está bem. Tem tido taxas de crescimento fracas mas, acima de tudo, essas margens orçamentais não têm sido usadas para o futuro do país”, refere Rio. “Aquilo que a economia tem de oferecer aos portugueses é mais emprego e melhores salários. Temos tido mais emprego, é verdade, mas não temos tido melhores empregos. Para isso é preciso que haja políticas públicas que incentivem o futuro”, defende o líder.

“A política económica tem sido uma política de distribuição, portanto dá a sensação às pessoas de que se está bem, mas não vamos estar bem a médio e longo prazo. Não quer dizer que vai ser um caos”, sustenta Rio. “Aquilo que elegeria como mais preocupante é a degradação completa que tem havido nos serviços públicos. Isso é notório em muitos setores, desde o simples renovar do bilhete de identidade passando para casos mais graves”, referindo como exemplo os atrasos que têm acontecido nas atribuições de reforma.

A degradação dos transportes públicos também é uma falha apontada por Rio, porque “reduziram os preços dos passes, mas não aumentaram a oferta e, portanto, é um caos completo”. No entanto, sustenta que “a situação pior de todas é mesmo o Serviço Nacional de Saúde, porque qualquer pequena degradação no Serviço Nacional de Saúde é muito sentida pelas pessoas”.

“O que interessa baixar o IRS e aumentar tudo o mais”

Com as eleições legislativas marcadas para o próximo mês de outubro, o presidente do PSD apresentou o quadro macroeconómico e prometeu descer os impostos.

António Costa também esteve presenta nas instalações da Renascença e prometeu diminuir os impostos, nomeadamente os impostos sobre o trabalho. No entanto, Rio refere que “há uma diferença muito grande” nas duas medidas apresentadas pelo rival. “O primeiro-ministro sempre disse que não ia baixar a carga fiscal. Nos últimos dias, teve uma nuance e diz que vai tentar baixar os impostos sobre o trabalho. Mas aquilo que eu digo não é baixar os impostos sobre o trabalho, é os impostos de forma geral, a carga fiscal. Aquilo que ele está provavelmente a dizer é que mantém a carga fiscal, troca é de impostos”.

“O que é que interessa às pessoas se baixar um bocadinho o IRS e aumentar tudo o mais”, questiona o presidente do partido. “O que queremos é baixar a carga fiscal e repartir essa carga um pouco pelas pessoas e pelas empresas”, continua, reconhecendo que “é mais popular dizer que a repartição é só pelas pessoas, mas é mais sério dizer que é pelas pessoas e pelas empresas, porque são as empresas que vão garantir no futuro justamente os melhores empregos e os melhores salários”, sustenta.

Rui Rio sublinhou que “as pessoas devem querer uma garantia de melhores salários no futuro e não um pequenito ganho por conta de uma redução no IRS”. O presidente do PSD afirma que a política seguida “não permite esta política virada para as pequenas e médias empresas, que são as que criam os empregos e vão pagar melhores ou piores salários”.

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