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Rui Rio assume a liderança do PSD e afasta a hipótese de um novo Bloco Central: “Não existe nem existirá”

“Os partidos existem para servir o país e não para dar corpo às suas pequenas tácticas e aos interesses dos seus dirigentes”, afirmou Rui Rio, no primeiro discurso como novo líder do PSD. Apontando no sentido da coesão interna, Rio agradeceu e fez rasgados elogios a Passos Coelho (líder cessante) e a Pedro Santana Lopes (adversário nas eleições diretas), suscitando fortes aplausos dos militantes.
  • Cristina Bernardo
16 Fevereiro 2018, 22h28

No primeiro discurso como novo líder do PSD, Rui Rio começou por agradecer e elogiar Pedro Passos Coelho (líder cessante) e Pedro Santana Lopes (adversário nas eleições diretas), sentados na primeira fila, visivelmente emocionados com as palavras que lhes foram dirigidas e os aplausos dos militantes presentes no 37º Congresso Nacional do PSD. “Caro Pedro, muito obrigado pelo que fizeste pelo partido e por Portugal,” disse Rio.

Seguiu-se uma citação de Francisco Sá Carneiro (também invocado por Passos Coelho no discurso anterior), antigo líder e fundador do partido: “Primeiro está Portugal, depois o partido e, por fim, a nossa circunstância pessoal”.

“Os partidos existem para servir o país e não para dar corpo às suas pequenas tácticas e aos interesses dos seus dirigentes”, declarou Rio. “Comigo à frente do partido iremos sempre fazer uma evolução em harmonia” e “sem rupturas desnecessárias”, assegurou. Nesse sentido, Rio defendeu a necessidade de “entendimentos alargados ou de regime”, na medida em que “Portugal tem um conjunto de estrangulamentos que nenhum partido é capaz de resolver isoladamente e condicionam fortemente o seu desenvolvimento”. Retornando à citação de Sá Carneiro, explicou que “um partido que põe o país em primeiro lugar é um partido disponível para procurar dialogar e resolver com os outros o que jamais conseguirá sozinho”.

Em fase mais adiantada do discurso, Rio afastou a hipótese de constituição de um novo Bloco Central, apesar da estratégia de abertura para o diálogo com o PS. “Uma coisa é estarmos disponíveis para dialogar democraticamente com os outros e cooperarmos na busca de soluções para os graves problemas nacionais que, de outra forma, não é possível resolver. Coisa diferente é estarmos disponíveis para nos subordinarmos aos interesses dos outros”, afirmou Rio, sublinhando: “O PSD só está subordinado a um interesse: ao interesse de Portugal”.

Referindo-se depois às “vozes à esquerda que anda a jurar que a coligação parlamentar está segura e não há qualquer hipótese de um Bloco Central”, Rio insistiu na mesma ideia, declarando: “Perdem tempo com o que não existe nem existirá. Perdem tempo com o sexo dos anjos, porque ânsia de quererem marcar presença permanente no teatro mediático, até se esquecem do mais óbvio: esquecem-se que não ganharam as eleições e que, em nenhuma outra circunstância, o PS pode liderar um Governo, em face dos resultados das últimas eleições legislativas”. Ficava assim esclarecido um dos pontos mais controversos da estratégia política do novo líder do PSD.

Aproveitando o embalo, Rio lançou também as primeiras farpas dirigidas aos partidos que apoiam o Governo em funções: “E mesmo no que concerne à enunciada segurança da referida coligação, ela é mais ou menos como a segurança nacional que os portugueses, durante o ano de 2017, tiveram a infeliz oportunidade de ver falhar em diversas ocasiões. É uma segurança que, em vez de cimento armado, utiliza cartão e cola para segurar a sua consistência”.

Mais tarde, o novo líder do PSD voltou a criticar o Governo do PS e respetivos aliados parlamentares, alertando para os “problemas estruturais” do país que, na sua perspetiva, vão persistir no futuro próximo. “A atual solução governativa limita-se a viver à boleia de uma conjuntura económica e favorável. Gasta todos os bónus conjunturais que recebe para contentar o seus insaciáveis apoiantes parlamentares. É claramente uma solução política que não tem qualquer hipótese de cuidar coerentemente do futuro de Portugal. O futuro de Portugal requer uma governação consciente de que o país tem problemas estruturais que jamais resolveremos à sombra do presente”, declarou.

 

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