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Rui Rio critica incapacidade de “julgar e punir quem que seja” pelo “maior crime de colarinho branco” em Portugal

Líder social-democrata revelou-se muito crítico para com o processo que levou ao colapso do Banco Espírito Santo e com a gestão do Novo Banco, apontando aos seus acionistas a vontade de premiar “a maneira eficaz como o conselho de administração tem sacado dinheiro aos portugueses”.
  • Cristina Bernardo
20 Maio 2020, 17h19

O presidente do PSD, Rui Rio, referiu-se ao colapso do Banco Espírito Santo como “o maior crime de colarinho branco em Portugal” no debate quinzenal com o primeiro-ministro, realizado nesta quarta-feira na Assembleia da República, criticando o facto de que esse processo tenha decorrido “sem que a Justiça tenha tido a capacidade de julgar quem quer que seja e muito menos punir quem quer que seja”.

Referindo-se às imparidades no Novo Banco que justificam as verbas contratualizadas com o Fundo de Resolução como “calotes escondidos”, o líder social-democrata disse ao primeiro-ministro que os empréstimos do Estado serão pagos “quando as galinhas tiverem dentes”, antevendo que tal não acontecerá durante a sua vida. Por seu lado, António Costa reconhece o “larguíssimo prazo” de reembolso, mas destacou que desde 2017 já foram pagos 500 milhões de euros em juros.

Muito crítico para com a gestão do Novo Banco, ao qual apontou uma fatura de sete mil milhões de euros aos impostos dos contribuintes portugueses – somando o valor inicial colocado no “banco bom” do BES aos 2,1 mil milhões correspondentes à parte do Estado no Fundo de Resolução -, Rui Rio contrariou as declarações de Mário Centeno na semana passada, quando o ministro das Finanças disse na Assembleia da República que seria uma irresponsabilidade não pagar aquilo que está contratualizdo.

“Temos de pagar se for devido”, contrapôs o líder social-democrata, que perguntou a António Costa se há ou não créditos e imóveis do Novo Banco “vendidos completamente ao desbarato” e “calotes empolados para receber mais dinheiro do Estado”, interrogando-se como “todos os anos se descobrem novas imparidades” apesar de os balanços “serem vistos e revistos todos os anos”. O primeiro-ministro recordou, a esse propósito, que as contas da instituição financeira comprada pelos norte-americanos da Lone Star são acompanhadas por entidades exteriores ao Governo.

“Sabemos que os acionistas querem dar dois milhões de duros ao conselho de administração do Novo Banco. Não será para premiar lucros, porque o banco só tem prejuízos. Acho que vai premiar a maneira eficaz como o conselho de administração tem sacado dinheiro aos portugueses”, rematou Rui Rio.

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