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Rui Rio queixa-se de “um nível de incompreensão muito grande” face às suas propostas

O líder da oposição quer que a economia afine o desenvolvimento económico pelo investimento produtivo e pelas exportações, e não pelo consumo. Mas isso é “a parte fácil”. A parte política é que é difícil.
18 Junho 2019, 13h50

O presidente do PSD, Rui Rio admite a existência de “um nível de incompreensão muito grande” face às propostas que constituem as grandes linhas de força que emanam da sua condição de líder da oposição ao governo, que se dirigem, por um lado, para a tentativa de “credibilização da política” e dos partidos, e, por outro, para a aposta num conjunto de soluções macro-económicas que não encontra na agenda comum do PS e dos seus ‘sócios’ parlamentares, o PCP e o Bloco de Esquerda.

Falando no lançamento de um livro (de crónicas escritas para o JE) da autoria de Eduardo Teixeira, economista e conselheiro nacional do PSD, em Viana do Castelo, Rui Rio – que não quis comentar as declarações de Marques Mendes, que não compreende as opções do líder social-democrata – incentivou contra o endividamento externos (parte público, parte privado), o endividamento público e o crescimento da economia assente no consumo e não no investimento e nas exportações.

Para que o paradigma se altere no sentido do crescimento por via do investimento e das exportações, o Governo tem de fazer a sua parte: investir onde o que é investido induz ‘reprodução’, nomeadamente no que tem a ver com as pequenas e médias empresas, que são o sustentáculo da economia real.

Mas, para Rui Rio, essa opção não pode ser tomada pelo PS, uma vez que os seus parceiros de suporte parlamentar não o permitiriam – “apoiar os patrões” não faz parte do ADN do PCP ou do Bloco. Ao invés, o que se passa, na sua ótica, “qualquer folga orçamental é de imediato distribuída”, numa lógica clientelar. “Há cada vez mais interesses amarrados uns aos outros”, o que implica que essas folgas nunca sejam investidas onde podiam ser verdadeiramente reprodutivas.

Daí, explica o líder da oposição, a impossibilidade de o Governo fazer reformas – algumas delas fundamentais – e o implica a eternização da descredibilização dos partidos e de parte dos seus atores. Burocracia, justiça e formação são algumas das áreas em que urge uma intervenção reformista do Governo – “mas essa, a economia, é a parte fácil, a parte política é a mais difícil”: “é preciso credibilizar os partidos”, sob pena de, não se fazendo esse trabalho de fundo, níveis de abstenção como aqueles que foram atingidos nas eleições europeias do mês passado (cerca de 70%) passarem a ser um o normal estado de ‘divórcio’ entre partidos e eleitores.

Já antes da sua intervenção no lançamento do livro de Eduardo Teixeira, Rui Rio havia comentado o facto de Álvaro Amaro, eleito eurodeputado em 26 de maio passado, ter entretanto passado a ser arguido num processo em que é suspeito de corrupção (por ajustes diretos a um empresa de transportes quando era presidente da Câmara da Guarda). Rio não usou o termo ‘mantenho confiança política’, tendo optado por afirmar que “concedo-lhe a presunção de inocência” enquanto nada for provado.

Recusando a tradicional condenação em praça pública, Rio recordou que, enquanto foi presidente da Câmara do Porto “fui arguido umas cinco ou seis vezes” e em nenhuma circunstância colocou a hipótese de abandonar o cargo ou sentir-se menos capacitado para nele se manter.

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