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Rússia diz que não permitirá confrontos entre exércitos turco e sírio

A Rússia não vai permitir confrontos entre os exércitos turco e sírio, em plena operação militar de Ancara no nordeste sírio contra uma milícia curda, advertiu o enviado especial russo à região.
15 Outubro 2019, 20h40

“Penso que os confrontos [turco-sírios] não são do interesse de ninguém, e sobretudo que seriam inaceitáveis. E é por isso, bem entendido, que não permitiremos que [a situação] chegue a esse ponto”, declarou Alexandre Lavrentiev em Abu Dhabi, que hoje recebe a vista do Presidente russo Vladimir Putin, citado pela agência noticiosa estatal russa TASS.

Lavrentiev também negou as informações que referem que Moscovo forneceu “luz verde” à operação da Turquia na Síria, e insistiu que a Rússia “sempre considerou inaceitável qualquer operação militar na Síria” e que, pelo contrário, “sempre exortou a Turquia à contenção”.

O enviado russo também confirmou que na semana passada decorreram conversações entre líderes curdos e representantes do Governo sírio numa base militar russa, mas garantiu não estar ao corrente dos resultados.

No entanto, reconheceu que a situação no norte da Síria “poderá realmente comprometer a paz interconfessional nestas regiões habitadas não apenas por curdos, mas também por árabes e sunitas”.

Em Moscovo, o ministério da Defesa russo indicou por sua vez que as forças de Bashar al Assad assumiram o controlo da totalidade da cidade síria de Minbej e arredores, no âmbito de uma operação militar destinada a contrariar a ofensiva turca. A ofensiva turca tem como objetivo afastar do nordeste da Síria, incluindo Minbej e arredores, as forças curdas da Unidade de Proteção Popular (YPG), principal unidade das Forças Democráticas da Síria, que são aliadas do Ocidente contra o autoproclamado Estado Islâmico, mas que a Turquia considera que sejam aliadas do Partido dos Trabalhadores do Curdistão, classificado como terrorista pela Turquia.

“As forças governamentais sírias controlam totalmente a cidade de Minbej e as localidades vizinhas”, precisa o comunicado, acrescentando que a polícia militar russa “está a efetuar patrulhas nas fronteiras noroeste da região, ao longo da linha de contacto” entre as forças sírias e turcas.

A chegada das forças governamentais sírias a Minbej, controlado desde 2018 por um conselho militar integrado por combatentes árabes e curdos, não se verificava desde 2012. A cidade está situada a 30 quilómetros da fronteira turca.

A principal milícia curda da Síria revelou hoje ter perdido 23 combatentes que tentavam travar o avanço turco. As Forças Democráticas Sírias (FDS) disseram que estas baixas ocorreram nas últimas 24 horas em confrontos ao longo da fronteira norte da Síria.

O comunicado do grupo indica que as mortes foram registadas em diversos pontos de conflito, incluindo Ras al-Ayn, onde 11 combatentes das FDS forma mortos, e sete em Tal Abyad. As FDS registaram ainda 39 feridos nas suas fileiras.

No domingo, o grupo disse que pelo menos 45 dos seus membros foram mortos desde o início da invasão do norte da Síria pela Turquia, que agora completa o sétimo dia.

Os conflitos acentuaram-se depois de o presidente norte-americano Donald Trump ter retirado as tropas em apoio às forças curdas, o que fragilizou os curdos e incentivou a ofensiva da Turquia na Síria. Entretanto Trump já ameaçou a Turquia com sanções caso não proceda ao fim dos conflitos e retirada das tropas da Síria.

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