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Rússia organizou conferência internacional com presença do governo talibã

Moscovo deu as boas-vindas governo afegão no quadro das negociações internacionais e lamenta que os Estados Unidos se tenham mantido fora do perímetro do encontro.
  • Russian Foreign Minister Sergei Lavrov speaks during a news conference after a meeting with his counterparts Walid al-Muallem from Syria and Mohammad Javad Zarif from Iran in Moscow, Russia, October 28, 2016. REUTERS/Sergei Karpukhin
20 Outubro 2021, 18h10

Depois do Irão – que vai organizar uma cimeira que receberá o novo regime do Afeganistão – foi a vez de a Rússia mostrar a sua máquina diplomática, com a organização, esta quarta-feira, de uma conferência internacional (não presencial) onde a nota dominante foi o contributo de diversos países da região.

A abrir os trabalhos, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov, pediu aos talibãs que formem um governo que inclua todos os grupos étnicos e forças políticas em presença no Afeganistão e adiantou que o Kremlin reconhece os seus “esforços” para tentar estabilizar a situação no país desde que assumiu o poder em meados de agosto.

“Um novo governo está no poder agora, notamos os seus esforços para estabilizar a situação militar e política e estabelecer o trabalho do aparelho de Estado”, disse Lavrov, citado por vários jornais.

Representantes de 10 países, incluindo China, Paquistão, Índia, Irão, Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Turquemenistão e Uzbequistão também estiveram presentes naquela que os analistas consideram o mais importante encontro internacionais dos talibãs desde que assumiu o controlo do Afeganistão.

Lavrov disse ainda que Moscovo lamenta a ausência dos Estados Unidos na conferência, tendo lembrado que Washington disse que não participaria na ronda de negociações por motivos técnicos, mas planeava comparecer em futuros debates de género.

A delegação dos talibãs foi chefiada pelo vice-primeiro-ministro Abdul Salam Hanafi, uma figura importante da nova liderança afegã que liderou as negociações com a União Europeia e os Estados Unidos na semana passada. Citado pelas agências internacionais, Abdul disse que a reunião foi “muito importante para a estabilidade de toda a região”.

As negociações ocorrem depois de Moscovo ter dito na passada terça-feira que Rússia, China e Paquistão estão dispostos a fornecer ajuda ao Afeganistão, que agora enfrenta uma iminente crise económica e humanitária.

Lavrov disse que o Kremlin não está pronto para reconhecer o atual governo e colocou em cima da mesa a necessidade de os talibãs se comprometam com as metas propostas antes de avançarem para esse reconhecimento.

Ao contrário da maioria dos países, a Rússia não evacuou a sua embaixada em Cabul e o seu embaixador manteve contato regular com os talibãs ao longo dos últimos meses.

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