O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) anunciou nesta segunda-feira, 28 de maio, que foram retomados os trabalhos intersindicais para organizar uma greve do pessoal de bordo a nível europeu. Em causa está, diz, “o comportamento inaceitável da Ryanair, no que respeita às condições de trabalho dos seus tripulantes” e as exigências “ilegais” da companhia irlandesa.
O SNPVAC relembra, em comunicado, a reunião dos sindicatos que representam a maioria dos tripulantes de cabine da Ryanair, ocorrida em Lisboa a 24 de abril para concertar esforços contra o “comportamento inaceitável” da Ryanair. Segundo os responsáveis do sindicato, esta segunda-feira, numa reunião em Madrid, foram analisadas as ações tomadas pela companhia low-cost irlandesa desde então e concluiu-se que “nada mudou”.
“Hoje, em Madrid, analisámos as ações tomadas pela Ryanair, nomeadamente os processos disciplinares que puniram apenas aqueles que fizeram a greve em Portugal e os tripulantes de outros países que se recusaram a participar nas exigências ilegais para substituir os trabalhadores em greve durante a semana da Páscoa”, lê-se no comunicado, onde os sindicatos europeus signatários dão conta de que não irão “tolerar esta atitude da Ryanair contra os seus trabalhadores e contra a soberania dos países em que opera”.
As sindicais realçam que, “contrariamente ao que diz a Ryanair, não existem negociações ativas com sindicatos representativos de tripulantes de cabine nem quaisquer acordos assinados desde o anúncio, em dezembro de 2017, da intenção da empresa em aceitar negociar com os sindicatos”.
Sindicatos dão prazo de 30 de junho para marcar novas greves
O SNPVAC e restantes sindicatos europeus envolvidos neste processo – ACV/CSC, SITCPLA, UILTRASPORTI e USO – dizem ter dado “tempo suficiente para que a Ryanair iniciasse o processo de cumprimento da legislação europeia”. No comunicado, salientam que a luta “não é contra os passageiros da Ryanair nem contra a empresa em si”, mass “contra o conselho de administração e contra a forma como a companhia aérea é gerida”.
Para os sindicatos, “os acionistas envolvidos no futuro da Ryanair, bem como os órgãos de comunicação social, veem claramente que os sindicatos estão de boa-fé, de forma aberta e legítima” envolvidos em negociações. Mas alertam: “a Ryanair não quer aceitar o inevitável, colocando em causa a mobilidade de milhares de passageiros durante o período das férias de verão”.
É neste contexto que, segundo o SNPVAC e restantes sindicais europeias, foram retomados “os trabalhos em Madrid” para “avaliar todos os requisitos legais em cada país para a convocação de uma greve”.
Em comunicado, os sindicatos repudiam ainda “as tentativas ilegítimas da Ryanair de tentar impor certas associações profissionais aos tripulantes de cabine, escolhidas a dedo pela companhia aérea e excluindo os sindicatos representativos da maioria dos trabalhadores”. E concluem: “Toda a gente sabe que esta estratégia escolhida pela Ryanair se deve ao medo causado por esta ação sindical coordenada que tem como único objetivo a defesa dos interesses dos tripulantes.”
Caso a companhia irlandesa não dê respostas até 30 de junho, com o cumprimento das leis laborais de cada país, os sindicatos sinalizam que irão “reunir novamente e comunicar as ações de greve para o verão, com datas precisas”.
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