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SAD do Sporting procura bancos para colocar dívida que é vital para a sua sobrevivência

Os bancos portugueses preparam-se para colocar dívida do Sporting junto do público. Mas fontes do setor alertam para os riscos reputacionais que a banca corre. CGD, BCP, Novo Banco, CEMG, Ativo Bank e Carregosa deverão compôr o sindicato que ainda não está fechado.
  • A equipa do Sporting chega esta tarde ao Jamor onde se disputa a final da Taça de Portugal entre o Desportivo das Aves e o Sporting, Oeiras, 20 de maio de 2018. MIGUEL A. LOPES/LUSA
7 Novembro 2018, 19h55

A aprovação do prospeto para a nova emissão de obrigações com vista ao reembolso de 30 milhões de euros em obrigações colocadas junto de investidores de retalho que vence a 26 de novembro ainda não está totalmente garantida, pois falta fechar o sindicato bancário que vai colocar a dívida do Sporting – que tem um défice de tesouraria de 122 milhões de euros (já incluindo os 30 milhões de dívida emitida) tornado público durante o período eleitoral, soube o Jornal Económico.  Pois, apesar de haver um banco mandatado para montar a operação, o Montepio Investimento, ainda falta fechar o sindicato de bancos que vai colocar esta emissão (que será por subscrição pública).

Segundo soube o Jornal Económico, os maiores bancos portugueses (CGD, BCP e Novo Banco) terão assumido à SAD que estavam inclinados a aceitar comercializar a dívida do Sporting, apesar dos elevados riscos inerentes à emissão que terão de estar exaustivamente descritos no prospeto. Mas a verdade é que até ao momento o sindicato bancário ainda não está fechado e a emissão para chegar a tempo de servir para reembolsar a emissão anterior tem de ir para o mercado na segunda-feira dia 12.

A Caixa Económica Montepio Geral deverá fazer parte do sindicato bancário, bem como o Activo Bank e o Banco Carregosa, soube o Jornal Económico. Os bancos portugueses não poderão tomar firme a emissão de dívida do Sporting uma vez que estão “impedidos” de investir em títulos de clubes desportivos pelo supervisor. Aliás Miguel Maya, presidente do BCP, já veio dizer  que deixou de financiar clubes de futebol e assenta esta decisão na necessidade de reduzir a exposição do banco aos clubes de futebol, por causa dos riscos existentes e por não serem investimentos que se alinhem com a estratégia da instituição. Esses comentários surgiram numa altura (em junho) em que a SAD leonina apresentava uma dívida de 150 milhões de euros ao BCP mais cerca de 150 milhões ao Novo Banco.

Agora o que está previsto, segundo as nossas fontes, é que a CMVM aprove o prospeto em reunião que vai decorrer nesta quinta-feira, mas até lá o sindicato bancário tem de estar fechado.

Os elevados riscos da emissão podem comprometer a operação. Uma fonte do setor financeiro, em declarações ao Jornal Económico, mostrou-se indignada com o facto de os bancos se disporem a comercializar dívida de uma sociedade com uma situação de “pré-ruptura financeira”. “Como é que os bancos arriscam a sua reputação a vender ao público em geral emissões de uma sociedade que corre sérios riscos de default dessa emissão?”, questiona uma fonte do setor financeiro, que lembra outras situações que no passado trouxeram danos reputacionais aos bancos.

Esta emissão de 30 milhões de euros é vital para a sobrevivência do Sporting Club de Portugal, pelo que é no “fio da navalha” que vai ser aprovada. A emissão irá para o mercado na segunda-feira de forma a que a data da liquidação coincida aproximadamente com a data de reembolso do outro empréstimo. Previamente à montagem da operação o Sporting foi obrigado a apresentar as contas de setembro e a fazer uma auditoria às contas, pois entre junho e setembro do ano passado muita coisa mudou no clube de Alvalade.

Em comunicado,  a SAD ‘leonina’ anunciou recentemente  que passou a ter um capital próprio positivo de 549 mil euros (devido à vendas de jogadores). “A Sporting SAD fechou o primeiro trimestre da época desportiva de 2018/19 com um volume de negócios de 50,193 milhões, situação esta suportada pela participação na fase de grupos da Liga Europa e pela venda de direitos desportivos, nomeadamente de William Carvalho e Cristiano Piccini”, pode ler-se no comunicado.

No plano das receitas operacionais sem venda de jogadores, houve um “decréscimo de cerca de 1,6 milhões de euros”, que a SAD do Sporting explica com a comparação com “um trimestre homólogo que contou com jogos da Liga dos Campeões, quer seja ‘play-off’, quer seja fase de grupos”.

Em comunicado, a SAD salientou ainda um “aumento do ativo total em 12,571 milhões e a redução do passivo global em 1,302 milhões de euros, permitindo capitais próprios positivos de 549 mil euros”.

Relativamente à equipa de futebol, a SAD do Sporting destacou o regresso do Nani a custo zero e a aquisição de Abdoulay Diaby por 5,5 milhões, bem como o acordo para a transferência de William Carvalho para o Real Bétis por 20 milhões de euros.

As nossas fontes alertam que a situação do futuro é que é preocupante para os investidores “e não o passado”, pois a SAD do Sporting tem uma situação crítica ao nível das receitas futuras para fazer face aos custos operacionais que rondam os 90 milhões de euros. “No tempo de Bruno de Carvalho as receitas da NOS foram quase na totalidade antecipadas, e o clube já só tem a receber da NOS 8 milhões dos 68 milhões que é a faturação de dois meses”, diz a nossa fonte que lembra ainda que a dívida a fornecedores soma 54 milhões de euros.

“Enquanto o Benfica vai receber da Champions League 50 milhões e o Porto cerca de 80 milhões, o Sporting vai receber da Liga Europa 5 milhões”. As receitas esperadas “só cobrem 10% dos custos”, diz fonte conhecedora da realidade do clube.

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