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SAG com prejuízos de 176,9 milhões e capitais próprios negativos em 169,2 milhões

A Dívida Líquida Consolidada no final de Dezembro de 2018 era 129,1 milhões, registando um aumento de 4,0 milhões em relação ao valor do final do ano de 2017.
1 Maio 2019, 01h36

A SAG GEST – Soluções Automóvel Globais, SGPS, (SAG), que anunciou o acordo de venda da SIVA  à Porsche Holding depois de uma OPA preliminarmente lançada por João Pereira Coutinho, reportou um resultado líquido consolidado relativo a 2018 negativo em 176,9 milhões. Os capitais próprios são negativos em 169,2 milhões.

Estes números não são ainda auditados e a SAG justifica com este acordo de venda o facto de não ter cumprido o prazo regulamentar para a devida divulgação dos documentos de prestação de contas.

Em comunicado a SAG vem informar e esclarecer o mercado que dada a “complexidade do processo negocial tendente ao acordo celebrado nesta terça-feira entre a SAG e a Porsche Holding Gesellschaft m.b.H., o qual tem em vista assegurar a sustentabilidade e continuidade do negócio automóvel da SAG”, revelou-se necessário “aguardar pela celebração do acordo para o incluirmos como evento subsequente nos relatórios e para se proceder a uma última revisão das Demonstrações Financeiras Separadas e Consolidadas do Exercício 2018 por forma a refletir adequadamente as operações subjacentes e integrantes da operação de transação, o que não foi possível concluir até à presente data, prazo regulamentar para a devida divulgação dos documentos de prestação de contas”.

“Neste contexto, e não tendo sido possível finalizar atempadamente, como era intenção da SAG, o processo de preparação das Demonstrações Financeiras do Exercício de 2018, entendeu-se  adequado a divulgação das mesmas até ao dia 8 de maio de 2019, com vista a concluir o respectivo processo de revisão pelos auditores externo”, lê-se no comunicado.

A SAG comunicou à CMVM os resultados consolidados de 2018. Este foi um entre muitos outros comunicados da empresa de João Pereira Coutinho, nomeadamente o comunicado do acordo com a Porsche Holding e com os bancos BCP, o Banco BPI, a Caixa Geral de Depósitos, e o Novo Banco, credores da SAG e das suas subsidiárias, com vista a assegurar a sustentabilidade e continuidade do negócio automóvel da SAG, atualmente desenvolvido pela SIVA – Sociedade de Importação de Veículos Automóveis. E uma prévia oferta pública geral e voluntária de aquisição (OPA) das ações representativas do capital social da SAG GEST, lançada por João Pereira Coutinho a 0,0615 euros por ação, com vista a tirar previamente a empresa de bolsa.

O volume de negócios consolidado da SAG em 2018 registou uma redução de 13,7%, para 535,1 milhões em relação ao valor de 2017 (619,7 milhões).

O total de viaturas novas comercializadas pela SIVA (20.349 unidades) registou uma redução de 32,6% no ano de 2018 face ao ano anterior em que foram vendidas 30.171 unidades. O total de viaturas vendidas em 2018 correspondeu a uma quota de 8,4% no mercado de veículos ligeiros de passageiros (que compara com 12,8% em 2017) e de 7,6% no mercado de veículos ligeiros (de passageiros + veículos comerciais ligeiros), que compara com a quota de mercado de 11,6% do ano anterior.

O volume de viaturas de passageiros foi 19.075 unidades e o de veículos comerciais ligeiros foi 1.274 unidades, correspondendo estas a uma quota de 3,2% no mercado veículos comerciais ligeiros. Considerando as versões de mercadorias e de passageiros dos veículos da Marca VW VCL (Caddy, Transporter, Crafter e Amarok), o volume anual foi 1.772 unidades. Esta redução de volumes, transversal a todas as Marcas representadas pela Subsidiária SIVA, deve-se essencialmente a três fatores. O primeiro é a forte redução do volume relativo ao negócio de “Rent-a-Car” devido à margem reduzida deste canal e ao elevado risco envolvido (Buy Backs).O segundo a eliminação do volume de ”self registration” (viaturas matriculadas para venda em períodos subsequentes), devido ao elevado nível de descontos que este tipo de venda envolve. O terceiro a falta de disponibilidade de stocks de inúmeros modelos de todas as marcas, resultante de atrasos na produção decorrentes do novo processo de homologação dos veículos automóveis (WLTP) na Europa, com impacto significativo nas vendas a partir de agosto de 2018.

No retalho automóvel, o número de viaturas novas das Marcas Volkswagen, Audi, Škoda e Volkswagen – Veículos Comerciais vendidas pelas Concessões Soauto (Soauto, Loures Automóveis, Rolporto e Rolvia), em 2018, foi de 3.831 unidades, o que representou uma diminuição de 13,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.

A contribuição da organização Soauto para o volume de negócios consolidado foi 127,6 milhões de euros, registando uma ligeira redução de 4,6% em relação ao valor de 133,8 milhões de 2017.

O EBITDA Consolidado, numa base recorrente, foi negativo em 701,1 mil euros, o que foi muito influenciado pelo resultado do primeiro trimestre do ano em que reportaram um prejuízo de 3,6 milhões.

A SAG diz que o resultado do primeiro trimestre de 2018 foi essencialmente consequência de operações pontuais de venda de viaturas usadas e de veículos “self registration” com impacto direto na deterioração das margens, tendo como objetivo a rápida redução dos inventários deste tipo de viaturas; redução da atividade de carros novos que se deveu à redução de volumes no canal e à redução de matrículas de viaturas de “self registration”.

Em 2018 foram registadas imparidades no valor de 152 milhões. A SAG diz que este efeito “non-cash” teve consequentemente um impacto significativo no resultado consolidado e no capital próprio do consolidado da SAG Gest.

Os ativos envolvidos na transação anunciada passaram em 2018 a estar classificados como ativos/passivos detidos para venda. A alteração decorrente da restruturação implicou o registo de imparidades com partes relacionadas que alteram significativamente a comparação com o exercício de 2017, explicou a SAG.

O Resultado Líquido Consolidado de 2018 foi negativo em 176,9 milhões e os capitais próprios são negativos em 169,2 milhões.

A Dívida Líquida Consolidada no final de Dezembro de 2018 era 129,1 milhões, registando um aumento de 4,0 milhões em relação ao valor do final do ano de 2017.

Diz o Grupo que “apesar do processo de reestruturação concluído pela SAG Gest em dezembro de 2015 com os seus principais bancos lhe ter permitido o reequilíbrio da sua estrutura financeira consolidada e criado condições para a continuidade das operações da SAG Gest e das suas participadas , no final do exercício de 2017, com a deterioração das condições do negócio a situação financeira do Grupo SAG deteriorou-se , agravando assim o risco de liquidez do Grupo e a sua rentabilidade operacional e financeira”.

“Decorrente do processo negocial com os diversos “stakeholders”, incluindo as marcas representadas pela subsidiária SIVA, as instituições financeiras que participam nos financiamentos e garantias que o Grupo SAG dispõe e entidades do Grupo VW, foi possível estabelecer um acordo que permitirá garantir a continuidade das operações”, explica a empresa.

No acordo estabelecido entre a SAG Gest, a Porsche Holdings (Sociedade pertencente ao Grupo VW) e as Instituições financeiras que participam nos financiamentos e garantias do Grupo SAG, os negócios da Distribuição e Retalho Automóvel, serão alienados pela SAG à Porsche Holdings, devendo este processo estar concluído no decurso de 2019.

Ora, diz a SAG, “esta operação permitirá adequar a estrutura de Capital da Sociedade que assegure a capacidade de exercer a sua atividade em bases sustentáveis”.

 

 

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