O anterior líder da bancada parlamentar do PSD, Luís Montenegro, despediu-se esta quinta-feira do Parlamento, onde este 16 anos, os últimos sete dos quais à frente do agregado social-democrata, que deixa em clara desavença com a nova liderança de Rui Rio.
Mas o tempo não era de desavenças, e a última intervenção de Montenegro no Parlamento – até ver – foi marcada pela troca de encómios entre diversas personalidades, como é costume nestas ocasiões. Montenegro quis mesmo saudar em particular todos os que de algum modo têm a ver com “o mundo parlamentar”, tendo mesmo tido a lembrança de juntar os jornalistas que normalmente acompanham os trabalhos da assembleia aos membros do Governo, deputados, assessores e funcionários.
Já antes, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, lhe tinha dirigido palavras de conforto, comentando a “cordialidade e lealdade para com os adversários” que sempre caraterizaram, na sua ótica, a intervenção de Luís Montenegro. Não será essa, possivelmente, a ótica de todos os deputados que com ele esgrimiram argumentos e mais prosaicamente ‘ferroadas’ políticas, mas o tempo de despedidas é sempre um tempo de limar as arestas mais bicudas.
Terá sido por isso que o antigo líder parlamentar disse que “creio poder dizer que saio sem nenhuma inimizade”, retribuindo a “amabilidade” de Ferro Rodrigues. Neste capítulo, o das amizades, Montenegro destacou o deputado Nuno Magalhães, do CDS-PP, que consigo “suportou no Parlamento o único Governo de coligação que conseguiu aguentar uma legislatura inteira”.
Recorde-se que, ao longo da última legislatura, Luís Montenegro foi sempre muito crítico do atual governo, usando muitas vezes linguagem de violência política notadamente clara. Ainda recentemente afirmou que a atual solução governativa “não vai ficar para a história senão por juntar três partidos, não por mais nada”.
Montenegro foi um dos mais próximos colaboradores de Pedro Passos Coelho e a entrada de Rui Rio na cena política como presidente dos social-democratas fez com decidisse de imediato afastar-se dos cargos partidários que ocupava. Entretanto, e ainda durante o congresso de janeiro, onde Rio tomou posse, Montenegro assegurou que vai ‘monitorizar’ o novo elenco, tendo deixado no ar que poderá – num futuro que pode não ser muito longínquo – regressar para disputar a liderança do PSD.
No Parlamento, Montenegro disse ainda que “levo comigo a convicção de que o populismo é o pai da mediocridade e a mediocridade é a mãe da pobreza”, sem especificar outros parentescos.
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